Uma audiência pública foi realizada na Câmara Municipal de Goiana, na Mata Sul, em defesa da permanência da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) em Pernambuco. O gesto é uma reação a movimentação do ministro da Saúde, Ricardo Barros, de construir uma fábrica de hemoderivados em Maringá-PR. Participaram da audiência o senador Humberto Costa (PT), a deputada estadual Teresa Leitão (PT), o vereador Del do Bode (PT) e o PT municipal, que temem que uma nova fábrica prejudique o funcionamento da que está em construção de Goiana.
Com cerca de 48 mil metros quadrados, a fábrica de hemoderivados em Goiana tem a gestão do plasma como um dos carros-chefes da empresa. A construção da fábrica em pernambuco começou em 2005 e a sua implantação se arrasta por vários motivos, como falta de recursos da união, denúncias de corrupção, entre outras. A fábrica está 70% concluída e está prevista para ser finalizada em 2019. A transferência da tecnologia seria feita pela empresa Baxter Internacional, parceria da Shire.
“Ora, o governo está liberando bilhões de reais em emendas parlamentares para que deputados rejeitem a denúncia de corrupção contra Temer na Câmara. Como o ministro pode dizer que não tem os R$ 200 milhões necessários para finalizar o empreendimento no nosso Estado? Não podemos admitir esse argumento. O que falta é prioridade e atenção com o povo nordestino”, afirmou Humberto
Humberto Costa considera a movimentação como uma "tentativa de esvaziamento da Hemobrás" e uma retaliação política à Pernambuco. “A gente sabe que nos governos de Lula e Dilma existia um projeto de democratização do desenvolvimento e foi pensando nisso que trouxemos a empresa para Pernambuco. Mas o governo Temer tem feito um desmonte claro desse projeto. Isto sem falar nos interesses nada nada republicanos que estão por trás dessa possível mudança”, disse o senador.
Nesta quinta-feira (27), a 4ª Vara Cível do Distrito Federal revogou a suspensão da Parceria para Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre a Hemobrás e a empresa irlandesa Shire para produção do fator VIII recombinante, hemoderivado usado no tratamento de hemofílicos. A Shire entrou com pedido de liminar após o Ministério da Saúde pedir a suspensão da parceria porque o acordo seria extinto ou reestruturado. Atualmente, a pasta estuda fabricar o fator VIII em uma fábrica no Paraná, o que poderia prejudicar a participação de Pernambuco no mercado de sangue no país. Atualmente, a fábrica no Estado conta com 259 colaboradores e folha de pagamento de mais de R$ 2 milhões.
“Sem dúvida, foi uma vitória importante. A bancada de Pernambuco está toda mobilizada contra esse desmonte. Estamos unindo forças e claro que isto ajuda ainda mais a nossa luta. Por isso, precisamos continuar denunciando este descalabro ”, afirmou Humberto.