A reunião na última sexta-feira (18) entre o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (MG) comprova que o governo tenta fazer uma intervenção branca no PSDB, para transformá-lo em força auxiliar do Palácio do Planalto, afirmou nesta segunda-feira (21), em São Paulo, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).
"As reuniões do fim de semana só comprovam que, na prática, o governo, de certa forma, tenta fazer uma intervenção branca no PSDB, transformando-o em força auxiliar do governo, no sentindo de que o PSDB haja de acordo com os interesses dele", disse o senador capixaba antes de participar do Fórum Estadão sobre Reforma Política.
Ferraço se referia à reunião entre Temer e Aécio no Palácio do Jaburu. O senador tucano e o presidente, porém, divergiram sobre o tema do encontro. Enquanto Aécio afirmou que conversou sobre "política", Temer disse que tratou sobre a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que pode ser vendida pelo governo como parte do ajuste fiscal.
A reunião aconteceu um dia após o PSDB veicular programa partidário em cadeia nacional de rádio e TV no qual fez críticas ao governo Temer. A propaganda gerou reação da ala do partido que defende a permanência da sigla no governo, que passou a cobrar, nos bastidores, a saída do senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina da legenda.
Por outro lado, o diretório municipal do PSDB de São Paulo criticou o encontro. Em nota emitida neste domingo, o presidente do diretório, o vereador Mário Covas Neto, afirmou que a presença de Aécio em reuniões com o presidente da República causava "desconforto e embaraços". "Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido", escreveu.
Para Ferraço, houve um "pouco de excesso" na nota de Covas Neto. "O senador Aécio, no exercício de seu mandato, pode se reunir com quem quer que seja", disse o senador capixaba, que é favorável ao desembarque do PSDB do governo Temer.