Em depoimento ao Ministério Público, por meio de acordo de delação premiada, o ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) confirmou o pagamento, em propina, de 3% do valor pago pelo governo ao consórcio formado pela construtora Mendes Junior e Santa Barbara para a construção da Arena Pantanal. De acordo com o relato, a Mendes Junior ficava responsável pelo retorno em propina, tudo intermediado pelo então secretário extraordinário da Copa Éder Moraes.
Um dos políticos apontados pelo ex-governador como um dos beneficiados com o recebimento de propina da Mendes Júnior é o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB). João Carlos Simoni, apontado como proprietário da empresa Santa Barbara chegava inclusive a utilizar o valor devido em propina para quitar financiamentos feitos pelo ex-governador junto ao Banco Rural.
Conforme o documento, as tratativas das propinas feitas pela empresa Mendes Junior eram efetuadas com o diretor de Negócios da região Centro Norte, Amaro Guatimosim. Os pagamentos eram feitos a cada medição da obra.
Cerca de R$ 1,5 milhão do esquema de propina foi utilizado para ajudar nas despesas de campanha do ex-deputado federal Homero Pereira, que faleceu em 2013.
O mesmo porcentual de propina, cerca de 3% também foram pagos por serviços de iluminação na Arena e no transporte de VLT que deveria ser instalado em Mato Grosso. A empresa Canal Livre Comércio e Serviços, contratada para executar a obra de iluminação no estádio, pagava propina para o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB), segundo o ex-governador.
Silval disse ter recebido parte do dinheiro pago ao parlamentar, com o qual havia se comprometido a priorizar os pagamentos a essa empresa. O peemedebista afirmou ter recebido entre R$ 200 e R$ 300 mil.
Orçada inicialmente em R$ 342 milhões, a Arena Pantanal, por meio de aditivos de contratos chegou ao valor final de R$ 500 milhões, mas a obra ainda não foi entregue oficialmente.
O sigilo da delação premiada de Silval Barbosa foi quebrado nesta sexta-feira (25). Os documentos já foram homologados pelo ministro do STF Luiz Fux, e um inquérito será aberto para apurar o envolvimento dos citados.