O PSOL decidiu adiar até o fim do primeiro trimestre do ano que vem a definição sobre quem será o candidato do partido à Presidência em 2018 para esperar uma decisão do líder sem-teto Guilherme Boulos. Cortejado pelo PSOL, Boulos ainda não decidiu se vai se vai disputar as eleições.
O adiamento foi decidido durante o 6º Congresso Nacional do PSOL realizado neste final de semana em Luziânia (GO). No congresso, o partido elegeu o presidente da Fundação Lauro Campos, Juliano Medeiros, de 34 anos, ex-dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE), para presidir a legenda.
Segundo Medeiros, havia pressão por parte de correntes do PSOL para que o nome do candidato em 2018 também fosse escolhido no 6º Congresso. Isso inviabilizaria a possível candidatura de Boulos que pede mais tempo para decidir se vai se filiar a alguma legenda e disputar as eleições do ano que vem.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi convidado a participar do evento e recebeu acolhida calorosa por parte dos filiados do PSOL. Em seu discurso ele evitou assumir a candidatura mas pontuou posições convergentes com as do partido como a necessidade de uma reorganização da esquerda depois do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e das investigações da Lava Jato que atingiram figuras importantes do PT.
A fala de Boulos foi interpretada por lideranças do PSOL como sinal de que o líder do MTST ainda pode aceitar o convite da legenda. "Foi tomado pelo partido como um desejo dele de pensar o futuro junto com o PSOL", disse Juliano.
Nas últimas semanas Lula tentou desestimular Boulos de disputar a presidência pelo PSOL. O líder do MTST é interlocutor próximo do ex-presidente.
Diante das pressões para a escolha rápida de um nome, a ala majoritária do PSOL conseguiu aprovar com mais de 70% dos votos a realização de uma Conferência Eleitoral ainda no primeiro trimestre de 2018 para decidir como o partido vai participar da eleição presidencial. Além de dar mais tempo para Boulos, a manobra fixa um prazo para o líder do MTST tomar uma decisão.
Pessoas próximas a Boulos têm dito que ele só aceitaria se candidatar caso Lula seja barrado pela Justiça. O PSOL não quer esperar a definição sobre as condições eleitorais de Lula para escolher o nome que vai representar o partido na campanha de 2018.