Temer e aliados se recusam a levantar para o Moro durante prêmio

Juiz responsável pela Lava Jato, Sérgio Moro foi eleito o brasileiro de 2017 e dividiu o palco com políticos citados em investigações de corrupção
Da editoria de Política
Publicado em 07/12/2017 às 11:36
Juiz responsável pela Lava Jato, Sérgio Moro foi eleito o brasileiro de 2017 e dividiu o palco com políticos citados em investigações de corrupção Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR


O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato em primeira instância, foi o grande homenageado da noite, no prêmio Brasileiros do Ano, promovido pela revista IstoÉ, na terça-feira (5), em São Paulo.

Políticos que foram alvo do magistrado, durante as investigações da força-tarefa, também estavam presentes, incluindo o presidente da República, Michel Temer, o ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Eles chegaram a dividir o palco com Moro.

No entanto, no momento em que o juiz foi chamado a receber o título de brasileiro de 2017, tanto Temer quanto seus aliados se recusaram a levantar para aplaudi-lo, segundo informações do portal UOL. Houve constrangimento entre os presentes.

Durante toda a noite de ontem, Moro evitou contato com políticos, ao contrário do que fez no ano passado, quando também participou da premiação e foi fotografado em uma conversa animada com o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Meses depois, o mineiro seria um dos principais alvos da delação da JBS e teria até um pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República.

Moro cita Temer durante sua fala

"Eu diria que mais que uma questão de justiça, é questão de política de Estado. Eu queria dizer para o presidente Temer utilizar o seu poder para influenciar que esse precedente jurídico não seja alterado", disse Moro, durante seu discurso, ao defender que condenados na segunda instância possam ser presos.

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), o candidato ao governo de São Paulo em 2014 Paulo Skaf (PMDB), ambos citados na delação da Odebrecht, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e o apresentador Luciano Huck também estavam presentes.

Ao fazer a defesa do fim do foro privilegiado, Moro causou um outro momento de constrangimento entre os políticos. Temer, Eunício e Moreira Franco não aplaudiram, mais uma vez, a proposta do magistrado. O juiz foi ovacionado ao dizer que o foro garante "privilégios às pessoas mais poderosas". Ele reclamou que os processos de autoridades com foro "tramitam lentamente". "Seria relevante eliminar completamente o foro ou trazer uma restrição Ao foro", defendeu. Moro disse ainda ser contrário que magistrados tenham foro. "Não quero esse privilégio para mim", afirmou.

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