O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou ser irresponsável a declaração do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, de que os governadores que se beneficiam de financiamentos da Caixa Econômica Federal devem reciprocidade, se referindo a votos para aprovar a reforma da Previdência. E que isso não seria chantagem, porque financiamentos da Caixa são “ações de governo”.
Para Paulo Câmara, Marun está no local errado. "Carlos Marun deu essa declaração irresponsável colocando essa questão de liberação de empréstimos, de contratos já assinados, condicionando à reforma da Previdência. Mas a gente não acredita que nessa federação diante de tudo que a gente vê no Brasil, do sofrimento do povo, da falta de emprego, de projetos que são importantes para melhorar a qualidade de vida seja de água, de estrada, educação, segurança, que haja uma atitude tão mesquinha por parte do governo federal. A gente não acredita que o presidente Temer vai admitir isso", comentou durante debate na Rádio Jornal.
Confira a declaração de Marun dada na última terça: "Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão o governador poderia tomar esse financiamento em outros bancos. Entendemos que deve ser discutido com esses governantes algum tipo de reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão de vida ou morte para o Brasil", disse.
Acho que ele está no local errado diante dos desafios do Brasil, disse Paulo Câmara sobre Marun
Além de Paulo, sete governadores do Nordeste reagiram, nessa quarta-feira. Em carta aberta, eles disseram que não hesitarão “em promover a responsabilidade política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça se confirme”. Os governadores pedem que Temer “reoriente os seus auxiliares, a fim de coibir práticas inconstitucionais e criminosas”. "Eu não conhecia esse ministro, tinha visto ele na televisão defendendo Eduardo Cunha e depois ele sendo nomeado. Acho que ele está no local errado diante dos desafios do Brasil, principalmente de se fazer política com ética no País de hoje", disse Paulo Câmara.
Os governadores afirmam ainda que a adoção de "atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos" só é comparada a práticas de regimes ditatoriais e dizem esperar que o presidente Michel Temer "reoriente seus auxiliares".
Os assessores do presidente dizem que essa carta ainda não chegou ao Planalto. A votação da reforma na Câmara está prevista para o dia 19 de fevereiro. Em pleno recesso parlamentar, estão traçando estratégias para conseguir votos para a reforma e não perdê-los.