Na véspera do julgamento previsto no Supremo Tribunal Federal (STF) do inquérito em que é denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva e tentativa de obstrução da Lava Jato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) diz, em artigo publicado no jornal Folha de S Paulo, que no País todos os políticos são considerados, de antemão, culpados.
Aécio foi denunciado após aparecer em gravação do dono da JBS, Joesley Batista, pedindo R$ 2 milhões, que a PGR sustenta ser propina e o senador nega, alegando que o dinheiro foi resultado de um empréstimo firmado entre ele Joesley.
Se a denúncia for acatada nesta terça-feira (17) pelo STF, o senador mineiro passa a ser réu. Além de Aécio, sua irmã Andrea Neves, seu primo Frederico Pacheco de Medeiros e o advogado Mendherson Souza Lima também foram denunciados pela prática do crime de corrupção passiva.
No artigo publicado na Folha, Aécio diz que em 2017 precisou contratar advogados, então sua mãe colocou um apartamento à venda porque ele não possuía os recursos necessários. Sua irmã ofereceu o imóvel a alguns empresários, incluindo Joesley Batista.
O senador mineiro diz que a PF recuperou um telefonema, não citado pelo delator, no qual fica claro o objetivo do contato feito, que era a venda do imóvel. E diz estar arrependido de ter usado, "numa conversa criminosamente gravada e induzida por Joesley", vocabulário inadequado e fazer "brincadeiras injustificáveis e de mau gosto", das quais afirma estar arrependido profundamente. "Fui ingênuo, cometi erros e me penitencio diariamente por eles, mas não cometi nenhuma ilegalidade", argumenta Aécio.