A ex-presidente socialista Michelle Bachelet assinou, junto a outros dirigentes da esquerda chilena, uma carta de apoio à candidatura presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção.
A carta, dirigida ao Poder Judicial brasileiro, na qual se faz "uma defesa pela democracia", reúne as assinaturas de 43 personalidades da esquerda chilena, entre elas Maya Fernández, presidente da Câmara de Deputados e neta do ex-presidente Salvador Allende.
"Consideramos que uma eleição presidencial sem Lula como candidato poderá ter sérias impugnações de legitimidade e aprofundariam ainda mais a crise política que o Brasil tem de superar", afirma a carta.
O texto pede ao Poder Judicial brasileiro que se "garanta o respeito à Constituição, permitindo a inscrição de Lula como candidato presidencial. A democracia brasileira exige. Os democratas chilenos também".
Os signatários da extensa carta na qual falam sobre o pano de fundo da situação atual, incluindo a destituição da então presidente Dilma Rousseff (também do Partido dos Trabalhadores) em agosto de 2016, expressam sua "preocupação pela crise política que atravessa o Brasil" e expressam sua solidariedade com o "presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Levando em conta que "o Brasil desempenha um papel político de liderança em nível regional e global", segundo os signatários do texto, as eleições de outubro "devem se tornar o momento para começar a superar a crise política dos últimos anos".
Lula, que presidiu o Brasil de 2003 a 2010, é "indubitavelmente a figura política mais relevante e popular do país" e todas as "pesquisas de opinião continuam a apontá-lo como o vencedor mais provável, com uma vantagem considerável sobre todos os seus possíveis concorrentes", apontam.
O ex-presidente brasileiro continua preso, cumprindo pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção. Ele foi condenado por ser beneficiário de um apartamento triplex no Guarujá, litoral paulista, oferecido pela construtora OAS, em troca de mediações para obter contratos com a Petrobras.
Lula, de 72 anos, acusado em seis outros casos, nega que o apartamento seja dele e considera sua condenação parte de um complô das elites para impedi-lo de retornar ao poder.
No último fim de semana, o líder da esquerda brasileira foi o protagonista de uma confusão judicial, em que um juiz de plantão decidiu sua libertação, que foi posteriormente revogada por outros magistrados.
O ex-presidente lidera as intenções de voto para as eleições presidenciais de outubro, apesar de sua candidatura ter uma grande chance de ser invalidada pela Justiça Eleitoral.