Presos em caráter temporário nesta terça-feira (11), por suspeita de envolvimento em um suposto esquema de corrupção, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) e sua esposa Fernanda Richa passaram a última noite no Regimento da Polícia Montada Coronel Dulcídio, em Curitiba.
Segundo a secretaria estadual da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Richa e a esposa ocupam duas salas, separados um do outro. A assessoria da Polícia Militar (PM) informou que, originalmente, as salas serviam de alojamento para oficiais e já abrigaram outros presos. Beto Richa ocupa um espaço de cerca de 30 metros quadrados (m²); Fernanda, um de cerca de 25 m². Ainda de acordo com a assessoria da PM, as duas salas contam com banheiros privativos, camas e armários e oferecem condições de receber os presos em segurança.
Detidos na manhã de ontem, o casal chegou a ser levado para o Complexo Médico Penal (CPM), estabelecimento prisional de regime fechado onde estão alguns dos presos da Operação Lava Jato. À noite, no entanto, o desembargador Laertes Ferreira Gomes, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) determinou que o casal fosse transferido para o Regimento da Polícia Montada, para onde foram conduzidos por volta das 22 horas.
Richa e sua esposa foram detidos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no âmbito da Operação Radiopatrulha, que apura irregularidades na seleção de empresas contratadas para cuidar da manutenção de estradas rurais. Deflagrada pelo Ministério Público do Paraná, a operação envolveu a execução de outros 13 mandados de prisão temporária e de 26 de busca e apreensão. Entre os detentos na operação estadual também está o irmão do ex-governador, Pepe Richa, ex-secretários de governo e empresários
Ontem mesmo, Richa e seu grupo político foi alvo de uma segunda ação policial. Deflagrada pela Polícia Federal (PF), a Operação Piloto é um desdobramento da Lava Jato e investiga o envolvimento de funcionários públicos estaduais e empresários com a empreiteira Odebrecht, em um suposto esquema de favorecimento de licitação para obras na rodovia estadual PR-323. Contratada em 2014, a obra foi inicialmente orçada em R$ 7,2 bilhões.
Além do cumprimento de mandados de busca e apreensão, a operação federal resultou nas prisões preventivas do ex-chefe de gabinete do ex-governador, Deonilson Roldo, apontado pelo Ministério Público Federal como o arrecadador de dinheiro ilícito pago a agentes públicos em contrapartida ao favorecimento em contratos para a realização de obras públicas.
Além de Roldo, também foram detidos os empresários Jorge Theodócio Atherino e Tiago Correia Rocha. Preso preventivamente, Atherino é apontado como o operador financeiro, ou seja, o intermediário que gerenciava as propinas do esquema de corrupção desenvolvido durante a gestão de Richa à frente do governo paranaense. Já Rocha, detido em caráter temporário, é suspeito de atuar como braço-direito de Atherino.
Roldo e Atherino estão entre as 11 pessoas que a força-tarefa da Lava Jato no Paraná denunciou no último dia 5 pelos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. As provas que embasam a acusação revelaram o pagamento de propinas pela Odebrecht para obter favores ilegais relacionados à Parceria Público Privada (PPP) para exploração e duplicação da rodovia PR-323.