O ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti, que ficou 40 anos foragido, admitiu que é responsável por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970, além de ter ferido gravemente três pessoas e praticado diversos roubos para autofinanciar-se, informa a imprensa italiana nesta segunda-feira, 25.
A admissão de culpa de Battisti foi divulga pelo procurador-chefe de Milão, Francesco Greco, em entrevista coletiva. "Com essa admissão, ele esclarece muitas polêmicas, rende honras às forças de ordem e à magistratura de Milão e reconhece que atuou neste anos de maneira brutal", completou Greco.
Pouco depois da divulgação da notícia sobre o reconhecimento de Battisti, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, comentou o caso em sua conta no Twitter.
"Battisti, 'herói' da esquerda, que vivia colônia de férias no Brasil proporcionada e apoiada pelo governo do PT e suas linhas auxiliares (PSOL, PCdoB, MST) confessou pela 1ª vez participação em 4 assassinatos", escreveu o presidente.
"Por anos denunciei a proteção dada ao terrorista, aqui tratado como exilado político. Nas eleições, firmei o compromisso de mandá-lo de volta à Itália para que pagasse por seus crimes. A nova posição do Brasil é um recado ao mundo: não seremos mais o paraíso de bandidos!", completou Bolsonaro em uma segunda mensagem.
Bolsonaro publicou também uma foto do italiano ladeado de parlamentares de esquerda, entre eles o petista Eduardo Suplicy (PT) e os psolistas Ivan Valente, Chico Alencar e José Nery.
Foragido da Justiça italiana por quase 40 anos, Battisti chegou ao Brasil em 2004 e viveu clandestinamente até ser preso no Rio, em 2007. No último dia de seu segundo mandato, no entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo político para o italiano e impediu sua extradição.
O status, no entanto, foi retirado pelo presidente Michel Temer no ano passado, o que levou o italiano a deixar o País. Ele foi preso na Bolívia no início deste ano e desembarcou em Roma no dia 14 de janeiro.
De acordo com o procurador antiterrorismo Alberto Nobili, Battisti, de 64 anos, afirmou que "fala (apenas) do que é responsável e não falará (dos possíveis crimes) de mais ninguém"
"Tenho noção do mal que fiz e peço desculpas aos parentes (das vítimas)", disse Battisti no interrogatório de 9 horas, destacando, no entanto, que, na ocasião, as escolhas lhe pareciam corretas e que se tratava de uma "guerra justa". Battisti integrava o grupo Proletário Armados pelo Comunismo e foi condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979.
Na Itália, foi primeiro condenado por participação em bando armado e ocultação de armas a 12 anos e 10 meses de prisão em 1981. Mais de uma década depois, em 1993, teve a prisão perpétua decretada pela Justiça de Milão, em razão de quatro homicídios hediondos. (Com agências internacionais).