O presidente Jair Bolsonaro (PSL) adotou um novo tom no discurso sobre possíveis comemorações do golpe militar de 1964, e afirmou que não pediu para que os quartéis "comemorassem" a data de 31 de março, e sim que rememorassem. "Não foi comemorar. Rememorar, rever, ver o que está errado, o que está certo. E usar isso para o bem do Brasil no futuro", declarou após participar de cerimônia de aniversário da Justiça Militar, na qual foi condecorado.
Apesar do recuo, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, confirmou no início da semana que Bolsonaro pediu ao Ministério da Defesa que faça as "comemorações devidas" do aniversário do 31 de março de 1964, quando o golpe militar derrubou o então presidente João Goulart e iniciou um período ditatorial que durou 21 anos.
Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo o último domingo, 24, a orientação foi repassada a quartéis pelo País.
Bolsonaro voltou a comparar o debate sobre o período da ditadura militar e vítimas do regime com o fim de um casamento. Ao falar sobre eventuais excesso no período, Bolsonaro disse que não se deve voltar "naquele assunto do passado, aquele mal-entendido".
"Vamos supor que fôssemos casados, tivéssemos um problema, resolvêssemos nos perdoar lá na frente... É para não voltar naquele assunto do passado, que houve aquele mal entendido entre nós. A Lei da Anistia está aí e valeu para todos", disse Bolsonaro. Ele respondeu a um questionamento sobre a falta de um mea-culpa na ordem do dia das Forças Armadas, que será lida em alusão aos 55 anos da ditadura.