O presidente Jair Bolsonaro (PSL) prometeu neste sábado (3) combater o "desmatamento ilegal" no Brasil, um dia após a demissão do diretor Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mede as áreas desmatadas na Amazônia, órgão acusado pelo presidente de publicar números falsos que prejudicam a imagem do país.
"Vamos atuar de forma eficaz no combate ao desmatamento ilegal", escreveu Bolsonaro em sua conta no Facebook, junto a um vídeo no qual o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, explica que o governo contratará nova tecnologia para medir com mais precisão o desmatamento.
Na véspera, o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, anunciou sua própria exoneração após semanas de ácida troca de críticas com o presidente, que questionou dados da entidade que mostrou um aumento de 88% no desmatamento da floresta amazônica em junho em comparação com o mesmo mês de 2018.
"Não podemos aceitar o sensacionalismo, ou a divulgação de números imprecisos, que causam grande dano à imagem do Brasil", insistiu Bolsonaro, reiterando suas palavras dos últimos dias contra os dados do Inpe.
Na quinta-feira, Bolsonaro, Salles e outros ministros rebateram durante uma coletiva de imprensa os dados apresentados após as análises de imagens de satélite do Inpe e anunciaram que serão modificadas as metodologias de medição do desmatamento, que o governo admite que aumentou, mas não no ritmo apresentado pelo instituto.
Mas a exoneração de Galvão, cientista respeitado na área, aumentou as críticas de organismos que protegem o meio ambiente.
"Bolsonaro sabe que seu governo é o principal responsável pela atual destruição da Amazônia. A demissão do diretor do Inpe nada mais é do que um ato de vingança contra quem mostra a verdade", afirmou na sexta-feira Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.
Duro crítico das causas ambientalistas e defensor da indústria agrícola em áreas protegidas, Bolsonaro disse neste sábado que existem países interessados na "riqueza e biodiversidade" do Brasil, embora sem especificar quais.
"A Amazônia não pode ser entregue aqueles que destruíram suas florestas e agora querem se apoderar da nossa.", escreveu o presidente no Facebook. "A Amazônia é nossa".
Considerada o "pulmão do planeta", 60% da floresta amazônica está no Brasil, onde é ameaçada pelo avanço da agricultura, pecuária e mineração, entre outras atividades.