A Alemanha decidiu suspender o apoio financeiro dado a projetos de conservação florestal e biodiversidade na Amazônia, disse a ministra do meio ambiente alemã, Svenja Schulze. Em entrevista concedida ao jornal Tagesspiegel e publicado neste sábado, ela afirmou: "A política do governo brasileiro na Amazônia levanta dúvidas sobre se uma redução consistente das taxas de desmatamento ainda está sendo perseguida". A suspensão afetará repasses de 35 milhões de euros (cerca de R$ 156 milhões) a projetos na região.
Segundo o jornal, apenas quando os passos rumo ao combate do desmatamento na região amazônica se tornarem mais claros é que a cooperação deve voltar a acontecer. De acordo com o jornal, de 2008 até o final do ano passado, a Alemanha já repassou cerca de 95 milhões de euros para esse tipo de projeto. Para o Fundo Amazônia, criado para recompensar esforços na redução de desmatamento, houve repasse de 55 milhões de euros. O país é um dos principais doadores do fundo, junto da Noruega.
Na reportagem, a publicação destacou que desde a criação do fundo, em 2008, o desmatamento estava recuando de forma considerável. Sob o governo de Jair Bolsonaro, entretanto, houve uma mudança nesta rota, mas o presidente estaria se recusando a combater tal prática. A reportagem destaca ainda que um dos maiores defensores de Bolsonaro é o lobby do agronegócio. "A região amazônica é amplamente utilizada para o cultivo de soja para ração animal e gado", reporta o texto.
Depois de passar quase duas semanas dizendo que os dados de desmatamento da Amazônia são mentirosos, o governo Jair Bolsonaro reconheceu nesta quarta-feira, 31, que a taxa está em alta, mas afirmou que os números que vieram à tona foram uma interpretação equivocada, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. O presidente anunciou no sábado que haveria uma "surpresa" nos números e nesta quarta disse que apresentaria o "dado real". Mas o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, encerrou o dia dizendo que os "porcentuais interpretativos cairão."
O período em que a taxa anual do desmatamento é medida se encerrou nesta quarta (de 1.º de agosto de um ano a 31 de julho do ano seguinte), e dados de alertas disponíveis no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que a perda da vegetação este ano pode ter sido bem maior que no ano anterior. O agregado de alertas feitos pelo Deter - o sistema de detecção em tempo real - aponta alta de 40% ante o mesmo período do ano anterior. Os satélites observaram uma perda até esta quarta-feira de 5.879 km2 da floresta, ante 4.197 km2 entre 2017 e 2018.