A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse nesta terça-feira, 17, que, nos dois anos em que esteve à frente do Ministério Público Federal (MPF), tentou difundir um estilo de autocontenção que considera "adequado" para todo membro da instituição. O comentário da procuradora foi feito após ela ser questionada sobre o vazamento de mensagens de procuradores da força-tarefa da Lava Jato reveladas pelo site "The Intercept Brasil".
Raquel deixa o comando da PGR nesta terça-feira após uma gestão marcada por crises internas e crescente insatisfação dentro do MPF. "Em todo mandato eu exerci a autocontenção, fui eloquentemente silenciosa em tudo aquilo que exigia talvez uma percepção, parecer, algo fora dos autos", disse a procuradora.
Em coletiva de imprensa para entregar um balanço de gestão, Raquel Dodge foi questionada sobre o vazamento de mensagens de procuradores, mas observou que não ia comentar o episódio já que esses fatos "não estão no momento na minha mesa".
"Apenas para dizer que, do ponto de vista da chefe do Ministério Público, gestora e presidente do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público, que investiga membros do MP) e CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal, órgão máximo de deliberação do MPF), temos que ter cuidado com a palavra, estimular, pelo exemplo, o comportamento de sobriedade, acho que esta autocontenção enuncia a ética que devemos estimular no MP, porque lidamos com pessoas e é preciso ter cuidado com o que fazemos", acrescentou.
"O que posso dizer é que eu tentei difundir pelo meu comportamento e autocontenção o estilo que acho adequado para todo membro do MPF", completou Raquel Dodge.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, participou na última quinta-feira (12) da última sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) na função de representante do Ministério Público Federal. Após dois anos no cargo, o mandato de Dodge terminará na próxima terça-feira (17).
Para o lugar de Raquel Dodge, primeira mulher a chefiar o MPF, o presidente Jair Bolsonaro indicou o subprocurador-geral Augusto Aras. Antes de tomar posse no cargo, Aras precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e pelo plenário da Casa. A previsão é que a indicação seja votada em 22 de setembro. Até a aprovação, a Procuradoria-Geral da República será chefiada interinamente pelo vice-presidente Conselho Superior do MPF (CSMPF), Alcides Martins.