O juiz federal Ricardo Leite, da 10.ª Vara Federal Criminal de Brasília, remarcou para 19 de fevereiro interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Zelotes. A defesa de Lula pediu o adiamento para que ele possa visitar o papa Francisco no Vaticano, entre os dias 12 e 15. "O adiamento do interrogatório não tumultuará o andamento do feito", afirmou o juiz na decisão.
Nesta ação penal, o petista responde pelo crime de corrupção passiva por, supostamente, ter participado da "venda" da Medida Provisória (MP) 471, de 2009, que prorrogou os incentivos fiscais para montadoras instalavas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O caso foi revelado pelo Estado em 2015 e investigado na Operação Zelotes.
No sábado, 1, o presidente da Argentina, Alberto Fernandéz, disse à Rádio France Internacional que o papa Francisco terá "todo o prazer" de receber Lula. Fernandéz esteve com o também argentino Francisco na véspera, sexta-feira, 31. "O Lula me pediu para ver o Papa. E eu pedi se ele podia receber o Lula. E ele me disse que 'claro' e que (o Lula) lhe escrevesse porque ele, com todo prazer, o receberá", disse Fernandéz à rádio francesa.
Segundo a emissora, o assunto surgiu quando o presidente e o papa falavam sobre "lawfare", um termo jurídico que significa uso das leis para perseguição política ou comercial que, segundo a defesa, é usado pela Lava Jato contra o ex-presidente.
É a segunda vez que Fernandéz faz intermedeia um encontro entre emissários de Lula e Francisco. A primeira vez foi em agosto de 2018, quatro meses depois da prisão do petista, quando o argentino ainda não era nem sequer candidato à presidência e tentou marcar um encontro do papa com o ex-chanceler Celso Amorim com o objetivo de dar visibilidade internacional à situação de Lula.
Naquela ocasião, o papa enviou ao ex-presidente um bilhete escrito na capa de um livro no qual abençoava o petista. Em maio deste ano, Francisco mandou uma carta a Lula pedindo que ele não desanimasse. "O bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação", disse o pontífice.
O ex-presidente planeja, ainda, uma segunda viagem, para a França, para receber o título de cidadão parisiense, outorgado pela Prefeitura da capital francesa.