A decisão sobre o futuro partidário do ex-prefeito de Belo Jardim (Agreste) João Mendonça (ex-DEM) só virá em agosto – com o veredicto do governador Eduardo Campos (PSB) –, mas as costuras para o seu ingresso na legenda socialista estão a todo vapor. Nesta quarta (20), o secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Ranilson Ramos, se reunirá com nomes da cidade que integram a Frente Popular, como o ex-prefeito Cintra Galvão (PTB) e o seu filho, Cecílio Galvão (PSB), que também governou Belo Jardim. “Não vamos tomar nenhuma decisão sem ouvi-los”, afirmou Ranilson.
O encontro com Cintra, adversário histórico dos Mendonças, servirá para sentir o impacto da migração do ex-democrata para o grupo, o que pode resultar em mais uma divergência na relação local entre PSB e PTB.
Apesar da ansiedade pela definição, João Mendonça diz que vai aguardar o convite para mais uma conversa com o governador. “Estou interessado em seguir a orientação de Eduardo, que ficou de me dar uma definição em agosto. Vou esperar. O que ele combinar, está combinado”, disse.
Mas quem não tem pressa nessa articulação é Cintra Galvão, que em entrevista ao JC deixou claro que não aceita acordo eleitoral com o adversário. Ele destacou diversas vezes a rivalidade local. “João Mendonça será sempre o nosso adversário e eu não terei nenhum encontro político com ele”, declarou.
Contudo, Cintra está ciente de que evitar a entrada de João Mendonça na Frente Popular está fora do seu alcance. “Ele não será do meu partido, mas se o PSB achar que deve acolhê-lo, o que eu posso fazer? Na Frente Popular, não posso impedir”, comentou. A posição irredutível de Cintra sinaliza para um novo desencontro entre o PTB e o Palácio apesar dos “panos quentes” de Cecílio Galvão. “A história de Pernambuco mostra que várias divergências foram superadas”, disse.
Ao contrário do filho, que apresenta uma postura mais “flexível” em relação a João Mendonça, Cintra não admite quer qualquer aliança com o antigo rival. “A política é como o amor, indivisível”, justificou. Ele garante que o seu partido terá candidato próprio na eleição do próximo ano em Belo Jardim, “independente do que o PSB decidir”, e não exclui o seu nome da disputa.