Um dos personagens da campanha para presidente da república, embora não dispute cargos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) centrou fogo na candidata do PT, Dilma Rousseff. Em entrevista exclusiva ao radialista Geraldo Freire, da Rádio Jornal, FHC lamentou a forma como o PT (leia-se Dilma e Lula) está conduzindo a campanha (segundo ele com ataques infundados), reconheceu que o governo petista fez mais pelo Nordeste que o dele (FHC comandou o Brasil em dois mandatos, de 1995 a 2002) e criticou a postura de Dilma diante do cenário econômico brasileiro.
"Dilma merecia ganhar o prêmio nobel por tanta incompetência econômica. Ela vive dizendo que eu quebrei o País por três vezes, por conta do empréstimo feito ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Foram duas vezes. Quando fui ministro da fazenda, o Brasil estava em moratória. O empréstimo serviu para restabelecermos o fluxo financeiro internacional. Pedimos empréstimo ao FMI porque esta mais barato e para permitir que o governo de Lula (que o sucedeu) tivesse condições de colocar em ordem, em função da crise provocada pela ameaça de eleição do próprio Lula. Pedi o empréstimo com a anuência do Lula. Há uma má-fé extaordinária. Fico triste de ver a Dilma repetir esse assunto durante a campanha", confessou.
Para o tucano, a tática do PT é repetir mentiras para que se tornem verdade absoluta. "Eles demonizam os adversários ou o passado. Quando deixei o governo (no fim de 2002) fui para a Europa. O Lula passou por lá e me telefonou. Conversamos um bom tempo e ele passou o telefone para o Palocci (ministro da Fazenda de Lula), que me agradeceu pelo governo que fiz. Tanto que o próprio Lula se empenhou para que Armínio Fraga continuasse no Banco Central. Hoje o Lula quer reconstruir a história denegrindo a imagem do que foi feito no passado para realçar o que foi feito depois".
Ouça a entrevista:
Fernando Henrique aproveitou para "criticar" a postura que outros tucanos tomaram quando estavam disputando a presidência da república (José Serra e Geraldo Alckmin), de "esconder" que faziam parte do governo do PSDB. "O clima era pesado por conta da críticas contra o meu governo e os candidatos tinham receio de defender o meu governo. O que é um erro. Tanto que Aécio está defendendo o meu governo e está bem nas pesquisas. Não tenho o que esconder do meu governo.
NORDESTE - FHC reconheceu que os governos de Lula e Dilma foram mais atenciosos com o Nordeste que o dele. "Não tenho dúvida, mas a conjuntura no governo deles era mais favorável. O PT estendeu os programas sociais porque o panorama era melhor. Tenho ligação e preocupação com o Nordeste. Meus avós são nordestinos, de Alagoas. A transformação da região após a tragédia da seca começou no meu governo. O Porto de Suape foi finalizao no meu governo. Dilma diz que não fizemos nada na energia da região. Paulo Afonso (complexo de usinas hidrelétricas) tem cinco máquinas geradoras. Três foram feitas no meu governo. Meu vice-presidente (Marco Maciel) era pernambucano", finalizou.