Os principais candidatos à prefeitura do Recife já começaram a colher sugestões para formar seus programas de governo e, apesar das diferenças político-partidárias, darão início à corrida eleitoral com um discurso alinhado. Os postulantes pretendem convencer o eleitor de que são capazes de ofertar uma maior democratização do uso da cidade na esteira de cobranças feitas por integrantes de grupos de desenvolvimento urbano.
O programa de governo do prefeito e candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB) será coordenado pelo secretário municipal de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre. “Um programa de governo que se pretende à reeleição tem um componente de prestação de contas também, de fazer um debate com a sociedade sobre os resultados obtidos. Entramos para o debate com a segurança de que tivemos um volume de entregas mesmo enfrentando um ambiente de crise. A gente construiu uma agenda para a mudança do modelo de desenvolvimento da cidade, uma agenda forte de planejamento urbano, de valorização dos espaços públicos. Não se fazia esse debate antes”, diz.
A oferta de uma cidade mais incluiva também estará presente na campanha de Priscila Krause (DEM), que convidou o arquieto e urbanista Paulo Roberto Barros para coordenar seu programa de governo. A democrata tem coletado sugestões para governar o Recife em conversas com integrantes de diversos segmentos e por meio da plataforma “Você prefeito”, lançada recentemente nas redes sociais.
“Até 10 de agosto teremos um esboço temático. A partir daí, abriremos um debate sobre as sugestões. Ele será consolidado e será alvo do Monitora Recife, que Priscila criou para acompanhar o andamento das promessas de campanha do prefeito. Ela irá fiscalizar a própria gestão”, garante Paulo Roberto Barros.
O deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB) será o candidato a vice-prefeito de João Paulo (PT) e terá a missão de coordenar o programa de governo petista. “Temos um núcleo de gestão para cuidar disso, que tem a participação de especialistas em diversas áreas e de ex-secretáris municipais da gestão João Paulo. Será um programa que incluirá ações dos 12 anos do PT à frente da prefeitura e que apontará para o futuro da cidade”, fala.
Na campanha de Edilson Silva (PSOL) a coordenação do programa de governo está a cargo da socióloga Ana Paula Portella, que não é filiado ao partido, mas se considera uma ativa contribuinte. “A gente está consultando os nossos apoiadores e a construção do nosso programa está sendo feita por gente dos movimentos sociais, grupos de direitos humanos e de economia criativa. Vamos abrir o diálogo com outros setores”, conta.
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O economista Pierre Lucena coordena o programa de governo de Daniel Coelho (PSDB). “Vamos tratar da humanização da cidade dentro de três eixos: o econômico, o social e o ambiental”, explica. Ele diz que o tucano inova na construção do documento. “Em vez de reuniões setoriais, a gente chama um especialista e debate o assunto na internet. Não é preciso conhecer alguém da campanha ou ser de um determinado setor para sugerir. Vamos compilando as ideias e vendo a viabilidade da proposta”, diz.
Já o programa de governo de Carlos Augusto Costa (PV) tem a coordenação do economista Jacques Ribemboim. “Teremos um programa centrado na ideologia partidária. O PV entende que a questão ambiental não é só o meio ambiente natural, mas o urbano também. Vamos registrar o programa de governo, colocar na internet e continuar recebendo propostas”, diz ressaltando que a sustentabilidade permeará os projetos.
Não é apenas no Recife que a máquina já começou a moer para a construção dos programas de governo. Em Jaboatão, a candidatura de Heraldo Selva (PSB) iniciou esse trabalho sob a coordenação de Mirtes Cordeiro. Secretária de Planejamento e Fazenda da gestão Elias Gomes (PSDB), ela tem auxiliado o socialista, que é vice-prefeito da cidade. “Queremos aprofundar as propostas e dar dimensão metropolitana ao programa de governo já que muitas questões não tem a ver apenas com a cidade”, diz.
A reportagem do Jornal do Commercio procurou Anderson Ferreira (PR) e Joel da Harpa (PTN), concorrentes de Herlado, para falar sobre o programa de governo, mas não obteve retorno.
Em Olinda, Antonio Campos (PSB) coordena o próprio programa de governo, mas diz que a elaboração do documento cabe a uma equipe de cinco pessoas. “Entre elas Tales Vital, Múcio Aguiar, Sinésio Monteiro, Pedro Mendes. Múcio Aguiar fez uma visita à cidade de Salvador, especificamente ao prefeito ACM Neto (DEM), em nome do Movimento Muda Olinda, colhendo algumas experiências na sua gestão”, revela.
A deputada estadual Teresa Leitão (PT), adversária de Antonio Campos, também já começou a trabalhar seu programa de governo. Ela conversou com integrantes de comunidades e de segmentos da sociedade civil e tem realizado plenárias com a participação de especialistas em diversas áreas. Uma das mais recentes foi com o coordenador do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luís de La Mora, que proferiu a palestra “Direito à Cidade e Governança”.
Outra concorrente em Olinda, a deputada federal Luciana Santos (PCdoB) informou ao JC que ainda não tem um coordenador do programa de governo, mas destacou que tem conversado com os moradores da cidade. “Há uma necessidade de ideias inovadoras”, fala.
Prefeitos de todo o Estado creditam à crise econômica a culpa por não conseguiren tirar do papel promessas de campanha feitas em 2012. Ciente das cobranças a quem está no poder, os candidatos a prefeito se previnem e garantem que não vão apresentar um programa de governo de grandes dimensões.
“Queremos fazer um plano de governo real, que se possa cumprir”, conta o deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB), candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por João Paulo (PT) e responsável pelo programa de governo petista.
A socióloga Ana Paula Portella garante que o programa de governo de Edilson Silva (PSOL) passará não terá pirotecnia. “A ideia é identificar propostas exequíveis em médio e curto prazo”, atesta.
Ao lançar a plataforma “Você Prefeito”, que coleta sugestões para seu programa de governo, Priscila Krause (DEM) sinalizou que seu objetivo é “apresentar propostas factíveis à realidade da cidade”.
O economista Jacques Ribemboim, coordenador do programa de governo de Carlos Augusto Costa (PV), diz que a ordem é trabalhar em bases concretas. “Não vamos colocar um programa impossível de ser cumprido”, declara.
No PSB, o coordenador do programa de governo do prefeito Geraldo Julio tem consciência de que ele será bombardeado por cobrança dos eleitores e críticas dos adversários, mas afirma que não há o que temer. “A estratégia de investimento foi montada dentro de uma projeção de diversas fontes de financiamento e algumas delas não se realizaram como as opoerações de crédito. O ritmo teve que ser redirecionado no setor público e privado. A gente não suspendeu nenhuma decisão, mas teve que ajustar o cronograma”, defende Antônio Alexandre, que ocupa o posto de secretário municipal de Planejamento Urbano.