No momento em que o governo Paulo Câmara e o PSB tentam se reaproximar da presidente Dilma Rousseff e do PT, as duas legendas entraram, nesta terça-feira (3), em confronto na Assembleia Legislativa. Usando o tempo de liderança, o líder do governo na Casa, o deputado Waldemar Borges (PSB) acusou a presidente Dilma de retirar “ganhos trabalhistas históricos” e aumentar impostos sobre o faturamento das empresas, ao revogar a desoneração em 59 ramos econômicos, medida que atinge a economia do Estado nas áreas de informática, construção civil e transportes.
As críticas foram entendidas como um revide à oposição pelas sucessivas denúncias e cobranças de esclarecimento à gestão estadual sobre as Parcerias Público-Privadas (PPPs) da Arena da Copa, Compesa e Penitenciária de Itaquitinga. A reação do PT foi imediata. A deputada Teresa Leitão, também no tempo de liderança, acusou o socialista de “misturar” problemas estaduais com nacionais, sempre “atribuindo a Dilma a culpa”, e de querer impedir o debate na Casa pelo “amedontramento e intimidação”.
Ex aliados, desde o rompimento nacional de 2013 o PSB e PT nunca tinham partido para um confronto direto em termos radicais, e acontece quando se tenta resgatar a relação de aliança. “As notícias no Brasil não são boas. Retrocesso no seguro-desemprego, corte de R$ 7 bilhões na educação (Fies e Pronatec) e ameaça grave à economia em Pernambuco, como no polo de informática. Aumentou de 2% para 4,5% sobre o faturamento o imposto para a Previdência. Vamos debater PPPs, mas vamos debater essas questões do Brasil. Não quero ser desrespeito com a presidente Dilma como foi (Joaquim) Levy (ministro da Fazenda, que tachou as desonerações de grosseiras), mas vamos discutir a economia do Estado”, provocou Borges, também líder no governo Eduardo Campos.
Em rebate, a petista Teresa Leitão afirmou que “protestava” contra o que seria uma tática de desconstrução das críticas e inviabilização das discussões sobre questões do Estado – segundo a deputada – que os governistas estariam empregando na Casa: vincular dificuldades de Pernambuco às nacionais. “Há a pendência dos 13% sobre o piso dos professores, mas parece ser um discurso orquestrado atribuir ao ministro Levy a situação dos recursos do Estado. Tudo é culpa de Dilma”, retaliou.
Após a sessão, o líder Waldemar Borges negou a intenção de intimidar a oposição, mas sim a de expor ameaças a setores da produção, no Estado, provocadas pelas medidas fiscais adotadas por Dilma. “Numa canetada está levando o País a um ambiente recessivo”, atribui. Borges disse não ter consultado o governador antes de fazer o pronunciamento. “Nunca precise ouvir, nem nunca fui desautorizado pelo governo”, afirmou. “Parece ser orquestrado. Se ele não separar as questões, vai soar sempre como ameaça”, contestou Teresa.