O evento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher realizado ontem no Palácio do Campo das Princesas teve um componente de valor histórico e afetivo. Isso porque Luiz Alves Neto, viúvo da militante política do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Anatália Melo Alves, recebeu a certidão de óbito da companheira devidamente corrigida.
Anatália faleceu no dia 22 de março de 1973 e o lado pericial da época determinava que ela havia se enforcado. A Comissão Estadual da Memória Dom Helder Câmara (CEMVDHC) investigou os fatos e conseguiu a reavaliação do laudo. De acordo com a comissão, a militante teria sido assasinada por estrangulamento nas dependências do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS-Recife).
“Ela veio a falecer em razão de ter sido vítima de 26 dias consecutivos de tortura. Por ser uma pessoa muito frágil, Anatália não resistiu aos maus-tratos que sofreu”, declarou o secretário-geral da comissão, Henrique Mariano.
Emocionado, Luiz Alves Neto destacou a importância da correção do laudo da morte de Anatália. “É histórico esse momento em que a comissão chega a essa conclusão e que a Justiça corrobora e faz valer a verdade. Não me interessa processo indenizatório pela morte da minha companheira”, falou.
O governador Paulo Câmara (PSB) ressaltou a importância da Comissão Estadual da Memória. “Fiquei sensibilizado pelas palavras ditas por Luiz Alves Neto. O nosso apoio à comissão continua irrestrito. Tenho certeza que nos próximos dois anos, que ela ainda vai ter as suas atividades sendo feitas, podemos avançar muito mais no estabelecimento da memória e da verdade”, discursou.