Após participar de um evento na área de Educação, o governador Paulo Câmara afirmou que não tinha conhecimento sobre uma ajuda financeira da Odebrecht para a construção do Centro de Ressocialização de Itaquitinga. A informação foi veiculada no site da revista Veja, apontando que houve uma negociação secreta entre o governo do Estado e a construtora em 2013. O acordo teria o intuito de destravar as operações de construção paralisada desde 2012. Não seria a primeira vez que a construtora se envolvia no projeto, sendo também mantido em sigilo os outros aportes.
"Desconheço qualquer participação da Odebrecht em relação a recursos disponibilizados nesta obra. Li a reportagem. Não tem nenhum fato que possa envolver o governo", afirmou o governador.
De acordo com a Veja, o empreiteiro Eduardo Fialho, dono da Advance, empresa inicialmente responsável pela construção da obra, gravou, em 11 de outubro de 2013, o que descreve como uma reunião em que participaram o governo de Pernambuco e a Odebrecht. Neste encontro, trataram dos termos para a continuação da obra. A reunião teria sido realizada por Aldo Guedes, ex-sócio de Eduardo Campos e então presidente da Companhia Pernambucana de Gás, Thiago Norões, então procurador-geral do Estado, João Pacífico Ferreira, diretor da Odebrecht, e Demerval Gusmão, dono da DAG Engenharia
Paulo reiterou que o Centro de Ressocialização de Itaquitinga não recebeu recursos da Odebrecht ou do governo estadual. "Itaquitinga é o seguinte: quando assumimos em janeiro, decretamos a intervenção e agora estamos em um processo de caducidade. Queremos resolver esse imbróglio porque precisamos da conclusão dessa obra para o sistema prisional. Mas o governo de Pernambuco em nenhum momento gastou um real com essa obra e após todo o processo de caducidade é que vamos ver os investimentos necessários para a conclusão dela e para que possa ser efetivamente entregue à população", declarou.
OPOSIÇÃO SE MANIFESTA - Nesta quinta-feira, a bancada de oposição ao governo Paulo Câmara divulgou um comunicado informando que a Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa pretende convidar o empreiteiro Eduardo Fialho, dono da construtora Advance, para esclarecer detalhes da reunião que teria tido com representantes do governo do Estado e da Odebrecht.
Presidente da Comissão de Cidadania da Assembleia, Edilson Silva (PSOL) foi à tribuna cobrar do governo explicações. “O que a revista divulgou, de certa forma, já era comentado por pequenos empresários que levaram calote e ficaram no prejuízo, com a paralisação das obras de Itaquitinga. Vale lembrar que a Odebrecht em Pernambuco está sendo alvo de investigação por parte da Polícia Federal. É preciso que o governo, que ainda não se posicionou sobre a denúncia, o faça. O senhor Eduardo Fialho pode nos ajudar nisso”, discursou.
Líder da Bancada de Oposição, o deputado Sílvio Costa Filho (PTB) endossou a cobrança por esclarecimentos do Governo. “Desde julho, o Governo do Estado anunciou que assumiria a obra, mas que precisaria de mais prazo para definir como se daria o cancelamento do contrato da PPP. Este prazo termina este mês, mas até agora nada foi definido. É importante que o Governo do Estado esclareça essa denúncia e a real situação do presídio de Itaquintinga”, declarou.
Ex-conselheiro do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), o deputado Romário Dias (PTB) questionou a capacidade de o Estado assumir o complexo prisional. “Como o Estado vai assumir uma obra desse porte quando se encontra nessa situação de dificuldade financeira”, falou.
ODEBRECHT SE DEFENDE - A construtora Odebrecht se defendeu das informações levantadas pela revista Veja e enviou uma nota à imprensa. Veja o conteúdo a seguir:
“O Governo do Estado de Pernambuco, diante de uma série de problemas com a implantação do CIR de Itaquitinga, convocou algumas empresas para reuniões no ano de 2013, nas quais se tratou da possibilidade de participação naquele projeto. Era natural o convite à Construtora Norberto Odebrecht (CNO) para participar de referidas reuniões, considerando que, além de possuir condições técnicas para tocar o empreendimento, a empresa havia estudado formalmente o assunto, em procedimento público de manifestação de interesse privado, no ano de 2008. A CNO concluiu ser inviável sua participação, não tendo assumido, assim, qualquer obrigação relacionada ao projeto, no que se incluem pagamentos de qualquer natureza a quem quer que seja, cujo objeto tenha sido a PPP do CIR de Itaquitinga”..