Reunião secreta teria acontecido para tentar destravar o presídio de Itaquitinga

Matéria publicada no site da revista Veja revela um acerto secreto entre o governo do Estado e a Odebrecht para a conclusão da obra
Do JC Online
Publicado em 15/10/2015 às 11:45
Matéria publicada no site da revista Veja revela um acerto secreto entre o governo do Estado e a Odebrecht para a conclusão da obra Foto: Foto: Guga Matos/ JC Imagem


O polêmico Presídio de Itaquitinga ganha mais um capítulo nesta quinta-feira(15). Reportagem publicada no site da revista Veja aponta que uma negociação secreta entre o governo do Estado e a construtora Odebrecht, ocorrida em 2013, teve o intuito de destravar as operações de construção paralisada desde 2012. Não seria a primeira vez que a construtora se envolvia no projeto, sendo também mantido em sigilo os outros aportes. 

De acordo com a Veja, o empreiteiro Eduardo Fialho, dono da Advance, empresa inicialmente responsável pela construção da obra, gravou, em 11 de outubro de 2013,  o que descreve como uma reunião em que participaram o governo de Pernambuco e a Odebrecht. Neste encontro, trataram dos termos para a continuação da obra. A reunião teria sido realizada por  Aldo  Guedes, ex-sócio de Eduardo Campos e então presidente da Companhia Pernambucana de Gás, Thiago Norões, então procurador-geral do Estado,  João Pacífico Ferreira, diretor da Odebrecht, e Demerval Gusmão, dono da DAG Engenharia. 

No documento obtido pela revista, registrado pelo Tabelionato do Quinto Ofício de Notas de Salvador, João Pacífico Ferreira afirma que a Odebrecht participava das discussões para atender a um pedido direto do governador Eduardo Campos. No entanto, as negociações teriam de ser mantidas em sigilo. 

Ferreira, sem saber da gravação, teria falado em aportes financeiros secretos realizados pela Odebrecht para ajudar na realização da obra do presídio.  "O Grupo Odebrecht tá dando ao Es... (inaudível) é como que diria é... liberando para ele, com o aval do Estado. Porque nós não podemos participar né. Não temos condições. Um valor X que no nosso entendimento dá para terminar. Terminar a obra, estes três pavilhões, de alguma forma fazer" (...) "Ou seja, em síntese, o que é que nós temos. Só que nós tamos limitando a um cheque especial que é este que tem o aval do Estado". Aldo Guedes, por sua vez, explica que o "cheque especial" dado pela construtora seria suficiente para terminar os 20% que faltavam da obra. 

Em outro momento, o presidente da Copergás, Aldo Guedes, revela que a solução deveria ser construída "a quatro mãos" com a Odebrecht foi a única saída para tocar o empreendimento. "[...] Tá vindo um outro cheque especial. Isso tem que ter um prazo. Ninguém bota um negócio desse de favor não", explica Guedes, dando a entender que que os 50 milhões aportados pela Odebrecht  não era o primeiro investimento da construtora na obra.

A Odebrecht, em resposta a matéria, negou, por meio de nota, que tenha realizado qualquer desembolso no projeto. A assessoria da empreiteira disse ser "natural" o governo convidar a Construtora Norberto Odebrecht para buscar uma solução para obra. Ainda segundo a Veja,  o governo de Pernambuco disse desconhecer qualquer pagamento da construtora. 

O complexo prisional segue como um dos principais entraves da administração socialista. Teria seis prédios um administrativo e cinco pavilhões para 3.126 detentos. As obras custariam R$ 350 milhões e o contrato, para o governo, sairia por R$ 1,9 bilhão em 30 anos. A PPP seria a primeira do País na segurança pública. A obra começou em novembro de 2009 e parou totalmente em agosto de 2012. Há três anos, Minas Gerais, que licitou PPP similar depois de Pernambuco, inaugurava sua PPP prisional. Lá o projeto saiu por fases, algo que Pernambuco foi aconselhado a fazer, mas vetou a opção.

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