Operação da Arena Pernambuco custou R$ 122,5 milhões ao Estado

Estudo da FGV mostra que dos R$ 226,9 milhões de receita projetada para os dois primeiros anos da PPP, apenas R$ 47,2 milhões se realizou
Paulo Veras
Publicado em 08/03/2016 às 6:30
Foto: NE10


Prometida como o grande vetor de desenvolvimento da Zona Oeste da Região Metropolitana do Recife, e um dos grandes trunfos da gestão Eduardo Campos (PSB), a Arena Pernambuco virou um pesadelo para o erário estadual. Deixou, em tempos de crise, um buraco de R$ 122,5 milhões nos cofres do governo de Pernambuco entre julho de 2013 e junho de 2015 como compensação adicional pelos custos de operação do estádio. A cifra é o grande problema do contrato entre o governo e a Arena Pernambuco Negócios e Participações, o braço da Odebrecht que administra o estádio desde o fim da Copa das Confederações (2013). Foi por causa desse valor que o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou, na semana passada, o rompimento da Parceria Público-Privada (PPP) por meio de uma nota à imprensa.

O projeto da Arena Pernambuco foi planejado para incluir a construção de um complexo imobiliário e empresarial em seu entorno, a Cidade da Copa, com centro de convenções, hotéis, escritórios, universidade, hipermercado e mais de 4,5 mil unidades habitacionais. Sem prazo, nada disso saiu do papel.

O estudo de viabilidade econômica também previa que obras públicas de mobilidade facilitariam a chegada dos torcedores à Arena. A lista contava com a duplicação e requalificação da BR-408, o Ramal da Copa, a estação de metrô de Cosme e Damião e a implantação dos corredores de BRT Norte-Sul e Leste-Oeste. Dessa lista, só a BR foi duplicada e a estação de metrô foi concluída, mas funciona parcialmente e só em dias de jogos.

Juntos, todos esses elementos eram importantes para que o negócio fosse rentável. Assim como a promessa do governo de levar os 60 melhores jogos de Náutico, Santa Cruz e Sport para o estádio. Como só o Náutico topou, um aditivo foi assinado em dezembro de 2010. Ele mudou a fórmula como era calculado o risco financeiro entre empresa e Estado com ônus para os cofres públicos. Sempre que a Arena arrecadasse menos da metade do previsto no contrato, o governo completaria o valor até que ele atingisse 70% da receita operacional projetada. Foi o que ocorreu nos dois primeiros anos e levou o governo a desembolsar os R$ 122,5 milhões.

Segundo o relatório da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que embasou o rompimento do contrato, a receita projetada para os dois primeiros anos da PPP era de R$ 226,9 milhões. Os balancetes da Arena mostraram que a receita realizada foi de apenas R$ 47,2 milhões - 20,8% do esperado. Os dois valores foram atualizados pela inflação.

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