Na volta ao Recife, o deputado federal Mendonca Filho (DEM) foi recebido sob vaias e protestos no Aeroporto Internacional dos Guararapes, nesta terça-feira (19). O parlamentar voltava de Brasília após votação da admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados, no último domingo (17). O parlamentar é cotado para assumir ministério num eventual governo Michel Temer (PMDB).
O democrata foi um dos parlamentares mais empenhados na deposição da petista, mesmo quando o processo ainda era incipiente na Câmara. Outros protagonistas do processo em Pernambuco também têm os nomes ventilados, como Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Bruno Araújo (PSDB).
Em reserva, fontes pontuam o empenho do democrata no "recrutamento" de deputados para votarem a favor do impeachment. Mendonça sentava na mesa e checava nominalmente os votos dos parlamentares. Temer soube do empenho pessoal dele.
Questionado sobre a especulação, Mendonça, como manda o rito da política, diz que é "precipitação".
"Sinceramente, não posso discutir uma coisa que ainda está no campo da hipótese e que exige primeiro uma posição mais objetiva do governo", despistou. Apesar de não ocupar mais o posto de líder do partido, ele ainda évisto como liderança pelos pares favoráveis ao afastamento de Dilma. Matéria publicada no Estadão no último domingo mostrou que Mendonça fazia parte do chamado "G-8", grupo de deputados que articularam o processo de afastamento da petista desde de abril do ano passado.
PROTESTO - No desembarque no aeroporto, uma claque gritava "golpista, golpista". O impeachment passou na câmara por 367 votos a 137.
Em nota, o deputado Mendonça Filho disse que respeita as posições contrárias ao impeachment, mas repudia os atos de agressão e ameaças dos quais foi vítima.
Confira a nota:
O coordenador do Comitê do Impeachment, deputado Mendonça Filho, como democrata que é, respeita as posições contrárias ao impeachment, ao mesmo tempo que repudia os atos de agressão e ameaças dos quais foi vítima hoje, pela claque petista, desesperada com o pleno exercício da Democracia do Brasil. "A democracia do PT é assim: no grito e na violência. Não me intimido com esse tipo de prática, que, felizmente, pro bem do Brasil, está no seu ocaso", afirmou Mendonça, ressaltando que tem o apoio de 70% da população que quer o impeachment e está nas ruas pedindo o afastamento de Dilma/PT.
Mendonça cita as imagens do vídeo, divulgado pelos próprios petistas, como prova da agressão. "Fizeram ameaças, como se eu fosse me intimidar. Isso é choro de derrotado, que vai perder os milhares cargos e benesses, com a derrocada de um projeto de poder autoritário, corrupto e que quebrou o País", afirmou.
O coordenador do impeachment, destacou, ainda, que alguns militantes estavam con broche do PT. "É a militâncisma aparelhada pelo PT, CUT, MST e aliados, num último suspiro pra garantir seus cargos", ironizou Mendonça, que reagiu tranquilamente à manifestação, dando chauzinho pra os petistas.