Câmara dos Vereadores em baixa entre recifenses, aponta IPMN

Somente 19,2% dos entrevistados disseram admirar a atuação do legislativo municipal. Sumiço após eleições é uma das hipóteses para impopularidade
Marcela Balbino
Publicado em 19/06/2016 às 7:15
Somente 19,2% dos entrevistados disseram admirar a atuação do legislativo municipal. Sumiço após eleições é uma das hipóteses para impopularidade Foto: Foto: Câmara Municipal do Recife


As investigações de políticos tarimbados, as delações premiadas e as constantes de denúncias de corrupção envolvendo nomes de diversas colorações partidárias respingaram não apenas na avaliação dos parlamentares em Brasília. Do topo à base da pirâmide política, os legisladores estão mal avaliados. Em pleno ano eleitoral, a Câmara dos Vereadores do Recife teve avaliação pífia entre os eleitores da capital. Levantamento do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), em parceria com o Jornal do Commercio, aponta que 55,5% dos recifenses acreditam que os legisladores do município não contribuem para melhoria da cidade. A admiração pela Casa José Mariano, como instituição, também é baixa (19,2%) e o cenário se repete nas outras Casa Legislativas do País, da Alepe ao Senado Federal.

Mas, na Câmara, além do desgaste da classe política de forma geral, em meio às várias denúncias de corrupção, a falta de comunicação dos vereadores com o eleitorado também é vista como fator de descrédito. Para o coordenador da pesquisa, professor e cientista político Adriano Oliveira, a baixa aceitação dos vereadores pode ser atribuída ao distanciamento deles do meio social e ao enclausuramento nas Casas Legislativas. “Eles são distantes do eleitorado, não convivem. Eles vivem num mundo político à parte e passam a viver no mundo social somente em ano de eleição”, avaliou. 

Outro ponto exposto no levantamento é a memória eleitoral dos recifenses. Quando questionados sobre o voto de 2012, há um equilíbrio nas respostas, com 48,5% dos entrevistados afirmando que lembram em quem votaram. 

 

O trabalhador da área de segurança Cristiano José da Silva, 41 anos, é um exemplo da estatística. Ele andava pela Avenida Conde da Boa Vista quando foi questionado pela reportagem sobre o candidato escolhido em 2012. O nome só saiu após alguns instantes de reflexão. “Muitos vereadores só procuram a população na hora que precisam do voto. Depois que passa eleição você não vê mais. A maioria some. Na verdade, a realidade é essa”, afirmou o trabalhador. Cristiano também fez críticas à atuação dos legisladores e ao “sumiço” deles após o pleito. “Eles precisam mostrar porque estão lá, não só em época de eleição”, desabafou.

O auxiliar de biblioteca, Eli Carlos, também têm lembranças do voto de 2012, mas, no caso dele, a memória é atrelada à proximidade do vereador com a comunidade em que mora. Mesmo que, oficialmente, o voto distrital não faça parte do sistema político brasileiro, na Câmara do Recife há uma espécie de dominação eleitoral de alguns vereadores em determinados territórios da cidade. Nesta legislatura, há vereadores que chegaram a obter 90% de sua votação total num único bairro ou zona eleitoral. 

As entrevistas para o levantamento do IPMN foram realizadas nos dias 14 e 15 de junho. Ao todo, 624 pessoas foram ouvidas. Desse total, 55,6% são mulheres. A confiabilidade é de 95% e a margem de erro é quatro pontos percentuais. 

SALÁRIO

Ponto sensível na área pública, os salários dos vereadores também foram postos à prova. Atualmente, os vereadores ganham R$ 15 mil, mais remunerações que somam, em média, R$ 8 mil por mês. Dos entrevistados, 39,5% defendem que os integrantes da Casa Legislativa não deviam receber salários. No topo das causas, com 22,4% está o motivo “porque não prestam”, em segundo lugar aparece a “descrença”. 

Para o coordenador da pesquisa, outro dado interessante é a disposição dos eleitores em comparecerem às urnas em outubro, mesmo com a descrença na classe política. Dos entrevistados, 69,1% responderam que votarão em outubro. “Mas, primeiro, você tem que considerar a obrigatoriedade do voto. Um segundo aspecto é o fato de que a participação popular não ficou enfraquecida mesmo com a crise política. É fato de que, mesmo diante de uma crise política, os eleitores vão participar”, observou Oliveira.

 

 

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