Lavagem de dinheiro

Envolvidos na Turbulência já eram investigados antes da queda do jatinho de Eduardo Campos

Há um mês a Polícia Federal começou a desmontar as conexões locais da Lava Jato

Jamildo Melo e Renata Monteiro
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Jamildo Melo e Renata Monteiro
Publicado em 21/07/2016 às 6:02
Foto: Heudes Regis/ JC Imagem
Há um mês a Polícia Federal começou a desmontar as conexões locais da Lava Jato - FOTO: Foto: Heudes Regis/ JC Imagem
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Com o objetivo de desmontar uma organização criminosa especializada em lavar dinheiro oriundo das obras públicas da Refinaria Abreu e Lima e da Transposição do Rio São Francisco, para abastecer campanhas políticas, a Polícia Federal (PF) deflagrou, há exatamente um mês, a Operação Turbulência em Pernambuco. O esquema começou a ser investigado após a queda, em 13 de agosto de 2014, do jato Cessna que transportava o ex-governador Eduardo Campos (PSB) e sua equipe. Antes disso, porém, elementos envolvidos na organização já estavam na mira da PF. Neste contexto, o acidente serviu para revelar a relação dos donos da aeronave com investigados em outra famosa operação da PF, a Lava Jato.

Pelo menos cinco meses antes da morte de Eduardo, o doleiro Alberto Youssef disse, em delação premiada, que usou empresas fantasmas para repassar recursos de campanha para o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) e seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL). Entre as empresas, Youssef apontou a Câmara & Vasconcelos Locações e Terraplanagem, do empresário Paulo Cézar de Barros Morato. No final de 2014, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, confirmou as informações. Ambos os delatores relacionaram a companhia ao empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, a quem classificaram como “agiota”.

Depois da queda do jatinho, descobriu-se que ele era propriedade de três empresários pernambucanos: João Carlos Lyra, Eduardo Freire Bezerra Leite – o Eduardo Ventola – e Apolo Santana Vieira. De acordo com a PF, o trio comprou o avião utilizando dinheiro de várias fontes, entre elas a mesma Câmara & Vasconcelos de Morato.

Segundo provas compartilhadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a Justiça do Paraná no bojo da Operação Lava Jato, a PF colheu, entre os meses abril e maio de 2015, os depoimentos de João Carlos Lyra, Eduardo Ventola e Paulo Morato. As inquirições comprovaram ligações entre os investigados, laranjas e políticos. 

As investigações prosseguiram e, no dia 21 de junho de 2016, houve o estopim da Operação Turbulência. João Carlos Lyra, Eduardo Ventola, Apolo Santana e Arthur Lapa Rosal, este último apontado como testa de ferro da organização, foram presos e encaminhados para o Centro de Triagem (Cotel).

A prisão de Paulo Morato também foi decretada, mas o empresário não foi localizado. No dia 22, ele foi encontrado morto em um quarto de motel. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), ele morreu envenenado. A Polícia Civil apura agora se ele se matou ou foi assassinado

Desencontros da SDS na condução das investigações da morte de Morato fizeram com que o deputado estadual Edilson Silva (PSOL) protocolasse um pedido de federalização do caso junto à PGR.

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