Campanha eleitoral no Recife foi marcada por 'pés no chão'

Candidatos evitaram promessas e propostas mirabolantes e irrealizáveis
Franco Benites
Publicado em 02/10/2016 às 7:00
Candidatos evitaram promessas e propostas mirabolantes e irrealizáveis Foto: Tom Cabral/Divulgação


O Recife viveu uma das campanhas eleitorais mais atípicas desde a redemocratização do País em meados da década de 1980. Por conta da minirreforma eleitoral, em vez de 90 dias, os candidatos tiveram apenas a metade do tempo para pedir nas ruas, de forma oficial, o voto do eleitor. O tempo nos programas de rádio e TV do guia eleitoral também foi reduzido e os discursos foram moldados a uma realidade financeira mais dura. Com isso, tivemos programas de governo mais econômicos e ausência de promessas mirabolantes. Houve a apresentação de novos projetos, mas de forma pontual.

Entre os oito candidatos a prefeito do Recife, o que mais enfatizou o realismo das propostas nesta campanha eleitoral foi Daniel Coelho (PSDB). Um dos motes da campanha do tucano foi o de “fazer funcionar o que já existe”. Ao longo de toda a campanha, ele insistiu nessa linha e garantiu que não construiria nada de novo porque a prioridade seria destinar recursos a ações, projetos e obras existentes na cidade.

Primeira candidata a apresentar publicamente o programa de governo, Priscila Krause (DEM) também adotou tática semelhante. A linha mestra do documento com as propostas de uma futura gestão democrata é a requalificação de equipamentos já existentes e a aplicação racional dos recursos financeiros. Na pré-campanha, a democrata gravou vídeos com mensagens que tinham como pano de fundo a dificuldade da prefeitura de arrecadar recursos. “Governo bom é o que gasta bem”, defendeu 

O programa de governo de João Paulo (PT) conta com 39 propostas e algumas delas são no sentido de rever promessas feitas pelo prefeito e candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB). O petista disse, por exemplo, que a implantação de um ar-condicionado central no ginásio de esportes Geraldão é algo que deve ser reavaliado por conta do impacto financeiro que a iniciativa pode trazer à admiunistração municipal. O documento também não traz muitas novidades e é baseado na ideia de retomar programas de sua gestão e do governo João da Costa (PT) - 2001 - 2012 - e de obras paradas da atual administração.

>> Confira promessas de campanha que nunca saíram do papel no Recife

Candidato a ser batido na eleição, Geraldo também apresentou propostas modestas. O socialista se apoiou na crise econômica para justificar a razão de não ter conseguido tirar algumas obras do papel e, diferentemente de 2012, não registrou nenhum programa de governo em cartório. A estratégia é convencer o eleitor que nos próximos quatro anos será possível fazer o que antes não foi executado.

Na avaliação do professor de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco Adriano Oliveira, é natural que a falta de propostas mais ousadas seja comum a todos os candidatos. “Eles estão cientes do descrédito dos eleitores com os políticos e também há uma crise fiscal que atinge os municípios. Se não há dinheiro, não se faz grandes promessas”, diz.

TAGS
SJCCnasurnas eleições 2016 Prefeitura do Recife
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory