A Segurança Pública vem sendo um dos calos da gestão Paulo Câmara (PSB) e as cobranças devem aumentar após um policial militar balear um jovem durante um protesto em Itambé, na Zona da Mata do Estado (TV Jornal mostra momento em que Edvaldo da Silva é atingido pelo tiro; assista ao vídeo abaixo também). Ligados à bancada de oposição ao governo estadual, os deputados Edilson Silva (PSOL) e Teresa Leitão (PT) garantiram que vão colocar o Estado contra a parede nesse assunto.
Edilson Silva afirmou que irá a Itambé nesta segunda-feira e que tomará algumas medidas no âmbito da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, da qual é presidente.
"Vou cobrar do Ministério Público, do promotor, uma medida, uma investigação imediata. Vou cobrar da Polícia Civil porque não foi permitido fazer o boletim de ocorrência em Itambé. A família me disse que tentou e não conseguiu. A comissão vai pedir ao comando da Polícia Militar e à Corregedoria celeridade e a uma investigação urgente e rigorosa. Não dá para fazer uma investigação lenta. É um negócio inacreditável", disse.
De acordo com Edilson, é preciso que o Estado tome providências em relação aos policiais envolvidos no protesto em Itambé.
"Vamos exigir a punição. Há fortes indícios de que esses policiais não têm condições de serem policiais. Tudo indica que foi uma tentativa de homicídio. O policial atirou e fez a opção por correr o risco de matar. Eles têm que ser julgados pelos crimes cometidos", afirmou.
"O que aconteceu foi um absurdo. Um ato pacífico reivindicando maior presença da polícia na cidade e que acaba sendo reprimido brutalmente por esta mesma polícia. Ao invés de proteger, o Estado chega para reprimir violentamente os manifestantes", comentou, ressaltando que o caso é para "expulsão da corporação".
A assessoria do governador Paulo Câmara foi procurada, mas informou que as explicações sobre o caso ficam a cargo da Polícia Militar e da secretaria de Defesa Social.
O deputado Isaltino Nascimento (PSB), líder do governo estadual na Assembleia Legislativa, informou que os procedimentos no ãmbito administrativo foram tomados.
"A Corregedoria é o órgão apropriado para apurar o episódio e ouvirá todos os envolvidos, inclusive garantindo o direito de defesa e o contraditório. Na conclusão, indicará as ações a serem tomadas pelo comando da corporação e pelo Executivo. O governo não coaduna com nenhum tipo de ato ilícito", destacou.
Em nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) afirmou que determinou abertura de inquérito policial e procedimento administrativo para apurar a ocorrência. O órgão não soube informar se o policial militar foi afastado das atividades enquanto a investigação ocorre.
A reportagem do JC tentou entrar em contato com o comando do Batalhão de Goiana, responsável pelo efetivo policial militar em Itambé, mas não obteve retorno. Procurada, a assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que está aguardado uma posição da Corregedoria e que "vale a nota da SDS".
Família de jovem baleado em operação da PM vai entrar na Justiça
Jovem baleado em ação policial está em estado grave na UTI
ENTENDA O CASO
A direção do Hospital Miguel Arraes divulgou uma nota informando que Edvaldo, internado na UTI da unidade, apresentou uma pequena melhora em seu quadro de saúde. Um novo boletim deve ser divulgado apenas nesta segunda-feira. Já os familiares do jovem informaram que vão acionar a Justiça.
Edvaldo estava protestando ao lado de outros moradores de Itambém na tarde da última sexta-feira, quando foi vítima de um disparo de arma de fogo. Segundo uma testemunha, o ato era pacífico e os manifestantes estavam à espera da chegada da imprensa. Os policiais chegaram e teriam ordenado o fim da manifestação.
No vídeo que repercutiu na internet, é possível ver o jovem falando com uma mulher que, segundo uma testemunha, que preferiu não se identificar, estava com medo das ameaças da polícia e queria ir embora.
Edvaldo se negou a sair e, neste momento, um policial aparece nas imagens perguntando: "é esse que vai levar o tiro primeiro?". Em seguida, outro policial efetua o disparo. A vítima ainda é arrastada pelo asfalto e agredida por um policial militar.