Com um discurso afiadíssimo e na ponta da língua, o deputado federal Silvio Costa (PTdoB) defendeu nesta quarta-feira (17) a renúncia imediata do presidente Michel Temer (PMDB). Após o vazamento do vídeo gravado pelo dono da JBS, Joesley Batista, afirmando que Temer deu aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e do operador Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava Jato, os oposicionistas pressionam o peemedebista.
"Esse cara diz o tempo todo que quer fazer as reformas, porque está preocupado com o futuro do Brasil. Se ele estiver preocupado com o futuro ele tem que renunciar imediatamente, porque não tem condições éticas e morais para passar mais um minuto na frente da presidência e temos que convocar eleições diretas", afirmou, em conversa com a reportagem.
Segundo Silvio, o Congresso não tem sinergia com a população para bancar uma eleição indireta, no caso os membros do Parlamento escolheriam um nome.
"Ele não tem legitimidade das urnas. Então esse canalha, esse ladrão tem que renunciar e a gente faz eleição direta", grifou.
Em texto publicado na noite desta quarta-feira (17) no site do jornal O Globo, o colunista Lauro Jardim informou que Joesley Batista, dono da JBS - a maior produtora de proteína animal do mundo -, teria gravado uma conversa com Michel Temer (PMDB) onde o presidente o autoriza a comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. O senador Aécio Neves (PSDB) também teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário.
Segundo Jardim, na gravação Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para resolver um assunto da J&F, uma holding que controla a JBS. Depois disso, o deputado foi filmado recebendo R$ 500 mil encaminhados por Joesley. O empresário diz ao presidente que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para que ambos se mantenham em silêncio e ele responde: "tem que manter isso, viu?".
Além destas revelações, o dono da JBS contou que repassou R$ 5 milhões para Cunha depois que ele foi preso, um montante relativo a um saldo de propina que o peemedebista tinha com ele. O empresário disse que ainda devia R$ 20 milhões pela tramitação de lei sobre desoneração tributária do setor de frango, conforme Jardim.
Em relação ao pedido de Aécio, Jardim diz que o montante foi entregue a um primo do tucano, cena que foi filmada pela Polícia Federal, que depois descobriu que o dinheiro foi depositado em uma empresa do senador do senador Zeze Perrella (PSDB).
Conforme a matéria d'O Globo, estas informações foram repassadas para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin na última quinta-feira, em delação premiada. Além dos irmãoes Batista, outras cinco pessoas, todas da empresa, estiveram no STF e confirmaram as informações.
Joesley informou também que Guido Mantega era o seu contato com o PT. Segundo ele, era com Mantega que o dinheiro de propina era negociado e distribuído para petistas e seus aliados. O ex-ministro de Lula e Dilma era também a ponte da JBS junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).