Daniel Coelho, do PSDB, diz que governo Temer é 'podre'

Para deputado federal, partido deveria deixar a base de apoio do governo: 'Caminho da perdição completa'
JC Online
Publicado em 13/06/2017 às 17:12
Para deputado federal, partido deveria deixar a base de apoio do governo: 'Caminho da perdição completa' Foto: Divulgação


A decisão dos dirigentes do PSDB de deixar o partido na base do governo Michel Temer (PMDB) revoltou parlamentares tucanos. Entre os pernambucanos, o deputado federal Daniel Coelho disparou contra a legenda durante entrevista à Rádio CBN.

“Lamento a decisão que não foi tomada e terminou sendo tomada. Digo que não foi tomada porque a Executiva não deliberou, não foi permitido que fossem colhidos os votos dos integrantes da Executiva, dos deputados, dos senadores. Foi muito mais uma decisão de cúpula do que qualquer outra coisa. A vontade da bancada continua muito forte em sair do governo, inclusive o líder da bancada dos deputados na Câmara, (Ricardo) Trípoli (PSDB-SP) disse que encaminhará voto para a abertura de investigação contra Temer. Então o partido está mais do que rachado e dividido neste momento. E acho que ficar neste governo podre, da maneira como ele está é o caminho da perdição completa”.

Para Daniel Coelho, a explicação dada pelos integrantes do PSDB favoráveis à continuidade do partido na base de Temer não é válida.

“Acho que o PSDB está errando e essa justificativa de que é pelo bem do país, pelo bem da economia, não se justifica. Até porque, eu me lembro, este era o argumento do PT quando tentava segurar Dilma. Quando a gente está falando de questões éticas, de combate à corrupção, quando a gente está falando das questões morais, nenhum argumento pode prevalecer. Até porque não é Temer ou qualquer outro homem que, sozinho, vai conseguir fazer a economia brasileira andar. A economia anda por vários fatores e, como alguns dizem, apesar do governo. Então acho que nós podemos manter o ritmo de retomada econômica brasileira, mas sem estar participando desse governo com cargos e sem nos envolvermos com esse lamaçal que está em Brasília”.

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Daniel é cotado para deixar o PSDB e entrar no PSL, mas não confirmou que a mudança, de fato, vá ocorrer.

“Sempre há essa possibilidade. Não vou dizer que já há alguma coisa concreta nesse sentido. No momento, inclusive, acho que a bancada de deputados está consciente de que ajudará mais fazendo pressão dentro do partido do que simplesmente saindo, até porque a pressão que ocorre por parte dos deputados do PSDB é que força essa discussão. Mas é evidente que se o partido não reencontrar seu caminho você tem uma janela em abril e aí pode acontecer tudo, inclusive a saída de alguns parlamentares, mas não é essa nossa prioridade no momento", disse.

Na avaliação de Daniel Coelho, a questão partidária fica em segundo plano devido ao atual momento vivido pelo País.

“Eu tenho dito que esta não é a hora de pensar em partidos, é a hora de pensar no Brasil. Eu, com sinceridade, e digo lamentando, não com felicidade, mas com sinceridade, eu não estou preocupado com PT, com PSDB, com PMDB, estou preocupado com o Brasil, com essa lama de corrupção que a gente tá vendo aqui em Brasília, com a falta de respeito à legalidade, à justiça, ao que é correto. Essa, sem dúvida, é uma das maiores crises que o Brasil já viveu. Uma crise profunda que atinge a oposição e o governo. Então não é hora de estarmos pensando ou em projeto eleitoral, ou em projeto partidário. Vamos ter uma reunião junto com alguns deputados que estão pensando da mesma forma que eu, nós vamos tentar ir buscar uma posição coletiva que pressione o governo e o PSDB a entregar os cargos e passar a discutir exclusivamente as pautas de interesse do país. Nós não podemos nos envolver com essas tentativas de controlar a justiça, de parar a Lava Jato, de negar fatos ou de criar um ambiente de criminalização das investigações. A gente vê alguns discursos do PT, do PMDB e até do PSDB, discursos que querem inverter a lógica. Parece que agora o criminoso é quem está investigando e não quem utilizou dinheiro público de forma ilegal”.

FORA DO GOVERNO

Daniel Coelho também acredita que a maioria dos tucanos é mais favorável à saída do PSDB do governo Temer.

“Dentro da bancada de deputados federais eu sinto que há uma leve maioria a favor da saída do governo – e não dá para a gente regionalizar. Dentro da bancada de São Paulo nós temos deputados expoentes que falam em saída do governo, outros que falam em ponderação. Agora, a decisão também colocou à mesa governadores, prefeitos e talvez nesse ambiente, de governadores e prefeitos, tenha pesado um pouco a posição de ficar. Mas não é correto dizer que a maioria do PSDB quer ficar, porque não foi colocado em voto. Ontem, a reunião foi feita de forma equivocada. Você ouvir a todos, não colocar em voto e dizer que não é hora de decidir é a mesma coisa que você decidir por ficar sem fazer isso de forma democrática. Então foi um caminho muito ruim, enfraquece o partido, mas a luta continua, porque não é uma luta pelo PSDB, é uma luta por aquilo que é correto e pelo país”.

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