O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), afirmou que "tudo ficou resolvido" durante o jantar que participou na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), com a presença do presidente Michel Temer (PMDB), ocorrido nesta terça (18) para apaziguar os atritos entre democratas e peemedebistas, após um clima tenso que se instaurou por conta de uma disputa entre as duas siglas para atrair os dissidentes do PSB.
Desde que a cúpula do PSB decidiu punir os membros que votassem a favor das reformas Trabalhista e da Previdência, praticamente metade dos 36 deputados da sigla se rebelou e manteve-se na base governista. "Na verdade a discussão é antiga, envolvendo esse racha no PSB, que já é conhecido por todos que acompanham a política brasileira. É um segmento de 10 A 15 parlamentares do PSB que se colocam como insatisfeitos dentro da sigla e naturalmente isso enseja uma movimentação possível de saída do PSB. Isso gerou uma oportunidade para que o próprio Democratas, que é um partido hoje que tem cerca de 30 deputados, pudesse agregar ou a totalidade ou parte desse total de parlamentares, mas nada ainda definido", disse o ministro.
Temer e Maia disputam 16 dos 36 deputados do PSB. A sigla deixou o governo em maio, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS, que fundamentou a denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista. Temer assumiu pessoalmente a articulação para barrar a acusação apresentada pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
Mas a visita de Temer, nesta terça (18), à líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina, causou transtornos ao presidente. O encontro não estava na agenda oficial e o objetivo era sondar os movimentos de Maia para atrair os deputados socialistas "dissidentes". O democrata veio algumas vezes a Pernambuco e fez acenos para o grupo político dos Coelho, por exemplo. Segundo parlamentares, a negociação com o PSB já tratou até dos espaços regionais que serão dados aos deputados que migrarem para a legenda.
Temer se reuniu com o grupo no mesmo dia em que Maia também teria um encontro. O movimento do presidente irritou líderes do democratas, que o acusaram de tentar roubar os parlamentares da ala dissidente do PSB. Interlocutores de Maia disseram que ele já havia avisado pessoalmente a Temer sobre as negociações.
Segundo Mendonça, o teor do jantar teve um foco maior em torno da agenda do legislativo no segundo semestre, e não "uma revisão com relação a questão dessa polêmica envolvendo os dissidentes do PSB", contou. "Ficou tudo absolutamente tranquilo. Foi uma conversa muito fluida e todos convergiram inclusive muito mais numa discussão com relação ao interesse do pais", disse Mendonça.
O ministro minimizou as especulações de que haveria uma tensão entre os dois partidos. "A conversa dizia respeito a como o governo federal poderia inserir melhor esses dissidente na gestão do presidente Temer. Só que em algum momento se relatou ao presidente que o PSB dessa parte que está se excluindo do partido como um todo havia a possibilidade de migrar para o DEM". De acordo com ele, o presidente elogiou essa alternativa "Até incentivou, mas disse também que, se porventura houvesse alguma dificuldade o PMDB pra qualquer um deles estaria de portas abertas e braços abertos", disse o ministro.