O ato de entrega de 2.404 residências no Programa Minha Casa Minha Vida nesta segunda-feira (28), em Caruaru, ganhou ares de palanque eleitoral com direito à prestação de contas e discursos elogiosos. O evento administrativo, promovido pelo Ministério das Cidades, parece ter sido feito sob medida para ensaiar a nova frente política de oposição que se desenha no Estado para 2018.
Oficialmente, o ato serviu para defender os investimentos feitos pelo governo federal, em específico as ações realizadas pelos quatro ministros pernambucanos. Mas o senador Fernando Bezerra Coelho, pivô do racha no PSB, deu o tom mais político: “Em 2016, Caruaru e Petrolina se levantaram em favor de uma campanha que parecia impossível, mas se aglutinaram para armar uma frente política que se fez vitoriosa e que marcou os últimos anos da política pernambucana. Oxalá Caruaru e Petrolina mais uma vez se unindo para poder anunciar que Pernambuco espera um novo tempo de trabalho, de projetos e de transformação.”
Lado a lado na primeira fileira estavam os quatro ministros pernambucanos – Mendonça Filho (Educação), Bruno Araújo (Cidades), Fernando Filho (Minas e Energia) e Raul Jungmann (Defesa) – os senadores FBC e Armando Monteiro Neto (PTB), os ex-governadores João Lyra e Joaquim Francisco e a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra. O governador Paulo Câmara (PSB) ficou no Recife para entrega do prêmio Idepe e delegou ao secretário de Habitação, Kaio Maniçoba, a missão de participar do ato. Não houve críticas ao socialista, mas o palco explicitou ainda mais os movimentos da formação de uma nova frente.
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Para demonstrar força política, ministros e senadores ressaltaram que mais de 50 prefeitos estavam presentes. O número de gestores chama atenção porque o habitacional beneficia apenas Caruaru, o que demonstra a mobilização para atraí-los. Além disso, a um ano do período eleitoral, alguns prefeitos evitam vincular-se publicamente a oposição por temerem represálias.
Moradores que esperavam o momento de pegar as chaves da casa próprias encheram o ato. Faixas elogiavam Bruno Araújo.
Ex-ministro do governo Dilma, o senador Armando Monteiro Neto mencionou a paternidade do Minha Casa Minha Vida, idealizado pelo PT, mas se rasgou em elogios a Bruno. Armando que disputou o governo em 2014 e alimenta pretensões majoritárias afirmou que era cedo para antecipar 2018.
“Mas posso dizer que hoje tivemos aqui um palanque de Pernambuco, suprapartidário. A capacidade que a classe política tem que demonstrar que toda vez que o interesse de Pernambuco exigir, nós temos que nos unir. Estou pronto para qualquer convocação que tenha como objetivo maior os interesses de Pernambuco”, defendeu.
Indagado se o encontro em Caruaru era a consolidação da frente, Mendonça Filho afirmou que o evento era “exclusivamente administrativo”. “Fiz, inclusive, o lançamento do campus da Univasf na última sexta em Salgueiro, onde contamos com a presença de Fernando Filho, FBC, só não estava presente Bruno Araújo, porque tinha compromisso fora e o Raul Jungman, que também tinha outro compromisso”, disse. “O espírito é mostrar presença dos ministros do governo trabalhando por Pernambuco. A agenda política desse leque não está sendo pautada nesse instante e não vai se misturar com nossas funções administrativas”, garantiu.
Bruno defendeu que o momento era de “fazer justiça a Pernambuco”, que teve pouca atenção do programa habitacional. “Pernambuco não recebeu 10% da última etapa do MCMV e esse evento é a demonstração da importância de trazer recursos para o Estado”, disse. Quanto à questão eleitoral, o tucano afirmou que o momento é de “trabalhar e cuidar das entregas”.
Interlocutor do governador, Kaio Maniçoba agradeceu os investimentos. “Sabemos do déficit habitacional no Brasil, mas com o volume de recursos que o ministro Bruno vem dando a Pernambuco, a gente vai virar a página e colocar o Estado nos trilhos para que tenha política habitacional diferente e possa entregar àqueles que mais precisam”, disse.