Na iminência de perder mais um forte aliado, o PMDB, o governador Paulo Câmara (PSB) evita entrar em polêmica e reagiu com naturalidade à possível saída do senador Fernando Bezerra Coelho do PSB para ingressar no PMDB. Semana passada, houve conversas avançadas entre o senador petrolinense e o presidente do PMDB, Romero Jucá. A definição deve acontecer nesta terça-feira (4), após reunião em Brasília.
O governador vem adotando o mesmo tom usado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB) e pelo prefeito Geraldo Julio (PSB), durante o período de pré-campanha. Paulo reforça que continuará 'focado no governo de Pernambuco', porque o povo não se interessa por essa disputa política.
Sobre o risco de perder o PMDB, um dos aliados mais fortes da gestão, Paulo afirmou que respeita as decisões. "Evidentemente que toda saída de partido a gente gostaria que não ocorresse, mas a gente respeita as pessoas, os projetos dessas pessoas e vou continuar focado no governo de Pernambuco", disse nesta segunda-feira (4), após cerimônia no Palácio do Campo das Princesas.
Quanto à eleição do próximo ano, o governador afirmou que, em 2018, a Frente Popular vai se preparar para eleição e chamar os
partidos que queiram apoiá-la.
"Esse projeto que começou lá atrás em 2007 com Eduardo Campos. Então, o trabalho de continuidade desse projeto está sendo feito e em 2018 ele será avaliado", disse.
Vem de dentro da chapa que elegeu o governador Paulo Câmara (PSB) em 2014 os novos adversários que devem enfrentá-lo na corrida pela reeleição no próximo ano. Em dois anos, decisões do próprio Palácio do Campo das Princesas empurraram para a oposição o PSDB e o DEM, que fizeram os ministros Bruno Araújo e Mendonça Filho, e as famílias Lyra e Coelho, cuja migração para o comando do PMDB estadual pode tirar de Paulo sua última grande legenda aliada. Resultado de erros sucessivos, as saídas foram, aos poucos, enfraquecendo o palanque do governador e reduzindo o tempo de TV que pode ser precioso no próximo ano.
Embora o socialista tenha a seu favor os 70 prefeitos que o PSB elegeu no ano passado, incluindo a reeleição de Geraldo Julio na Capital, o Palácio não conseguiu fazer seu candidato em cidades estratégicas como Olinda, onde Antônio Campos (PSB) perdeu para Lupércio (SD); Jaboatão dos Guararapes, em que Anderson Ferreira (PR) foi eleito com apoio de Mendonça e Armando Monteiro (PTB); Caruaru, terra da prefeita Raquel Lyra (PSDB); e Petrolina, onde Miguel Coelho (PSB) deve marchar com o pai.
Com Fernando Bezerra Coelho, Paulo se desentendeu mesmo antes de assumir. Em dezembro de 2014, quando anunciou o secretariado, o governador deixou de fora a indicação do senador para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, responsável pelo Porto de Suape. Em queixas públicas, Bezerra Coelho disse ter sido comunicado por uma mensagem na madrugada que a nomeação havia sido preterida. A partir de então, a relação dos dois grupos sempre foi de desconfiança e os Coelhos sempre se queixaram de não ter espaço na gestão.
Muitos dissidentes são resultado de desentendimentos na campanha do ano passado. A pedido de Geraldo Julio, Paulo pediu a devolução dos cargos de PSDB e DEM. O gesto ocorreu dois dias antes de Michel Temer assumir a Presidência da República, nomeando os ministros pernambucanos. Antes disso, em março, a decisão de que o candidato socialista à Prefeitura de Caruaru seria Jorge Gomes empurrou Raquel e o ex-governador João Lyra para o PSDB para viabilizá-la como candidata. Em Jaboatão, o PSB vetou a candidatura de João Fernando Coutinho, um dos deputados federais do PSB que devem seguir FBC para fora da legenda.
Em reserva, alguns aliados do PSB insistem na tese de que essas forças que hoje se colocam como oposição podem retornar ao palanque da Frente Popular. Mas adotam cautela quando avaliam que o encontro de FBC com Romero Jucá e Jarbas na próxima terça-feira será decisivo para clarear os cenários.