Os três movimentos sociais Acredito, Agora! e Transparência Partidária, citados na matéria acima, surgiram depois do segundo semestre de 2016. Mas o que foi que aconteceu que essas pessoas pensaram em partir para uma ação desse tipo? “A Operação Lava Jato e as discussões sobre a reforma política”, responde um dos coordenadores da Transparência Partidária, Marcelo Issa, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A Lava Jato revelou um esquema de propina bilionário, envolvendo políticos de diversos partidos, construtoras e diretores da Petrobras.
Criado entre agosto e setembro do ano passado, o Transparência Partidária defende que as contas dos partidos deveriam passar por uma auditoria contábil externa. Isso significa que as contas são avaliadas por uma empresa especializada que vê se tudo está em ordem, se ocorreram desvios, desperdícios, etc. As grandes empresas já têm obrigação de terem as contas auditadas.
“Tornar as contas dos partidos mais transparente é importante para a sociedade. Os partidos são um dos principais veículos de corrupção em todos esses esquemas que foram noticiados”, defende Issa. E acrescenta: “As contas dos partidos não são padronizadas, fica difícil comparar. As contas também deveriam ser atualizadas num período menor”. Atualmente, os partidos prestam contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) somente uma vez por ano. As causas da Transparência Partidária têm o apoio de 57 mil pessoas que subscreveram as propostas do movimento no aplicativo Mudamos.
E o Transparência vai apoiar algum candidato para 2018? “Não. A nossa proposta é melhorar institucionalmente o ambiente político. A política não melhora e não se renova, enquanto os partidos não mudarem”. E complementa: “Em 2018, serão quase R$ 3 bilhões destinados aos partidos. O TSE vai precisar da participação da população para fiscalizar o uso desses recursos”.