Atualizada às 17h49
A vereadora Marília Arraes, pré-candidata ao governo de Pernambuco pelo PT, defendeu neste domingo (20), após o ato no Recife, que a decisão sobre o partido ter um nome próprio ou fechar aliança com o PSB, tomada no congresso marcado para 10 de junho, será respeitada pela direção nacional. "O que acontece é uma guerra de nervos", afirmou, ao ser questionada sobre as últimas conversas de petistas com os socialistas.
O partido marcou para 10 de junho um congresso para decidir se haverá candidatura própria ou aliança. Trezentos delegados vão votar. Além de Marília, se colocaram como pré-candidatos o deputado estadual Odacy Amorim e o militante petista José de Oliveira.
Marília alega que as notícias sobre sinalizações entre PT e PSB são para tentar desestimular a militância em relação à sua candidatura. Para ela, a busca de apoio à reeleição de Paulo Câmara (PSB) foi "sem retorno".
"Eu já tinha falado: Paulo Câmara é muito fraco politicamente para conduzir o PSB nacional para uma aliança como essa", disse, retomando a declaração dada no programa 20 Minutos, exibido na TV Jornal nesse sábado (19). "A nacional tem reafirmado todos os dias que na verdade essa decisão será tomada aqui em Pernambuco".
Essa semana a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se reuniu com Carlos Siqueira, o do PSB. Após uma visita a Lula na prisão, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, responsável pelo programa de governo petista, afirmou que o ex-presidente pediu que fossem incluídas iniciativas das gestões estaduais e citou a de Paulo Câmara. Na sexta-feira (18), o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), de quem também dependeria a aliança, esteve no Palácio do Campo das Princesas.
Indagada sobre a afirmação do senador Humberto Costa, defensor da aliança com os socialistas, de que teria "número expressivo" de delegados que vão votar no congresso de 10 de junho pelo apoio ao PSB, Marília Arraes respondeu que eles são "passíveis de convencimento" e que acredita ter a "expressiva maioria". "Essa tese da aliança não tem sido debatida coletivamente", afirmou.
Humberto foi vaiado no ato pró-Marília. As vaias foram durante o discurso do secretário nacional de cultura do PT, Marcos Tavares, que citou uma entrevista do parlamentar em que ele advoga pelo apoio aos socialistas no Estado. Se o partido decidir pela aliança, ele pode ter espaço na chapa majoritária de Paulo Câmara para disputar a reeleição ao Senado. A outra vaga deve ser de Jarbas Vasconcelos (MDB), opositor histórico do PT.
Em resposta as vaias ao seu nome durante o evento, Humberto afirmou que é um movimento normal. "Em muitos encontros do PT, muita gente já recebeu vaia, isso é normal, isso reflete o acirramento que tem nessa discussão, não vejo nenhum problema", minimizou. "Além do mais, é uma parte da militância que estava lá, outra parte não estava e não agiria dessa maneira".
Marília Arraes afirmou que não ouviu a frase que provocou as vaias e não poderia opinar. "Tentamos conduzir a militância para o respeito à opinião divergente", disse, no entanto. A vereadora também negou que o PT esteja dividido. "O que há é uma divergência de opinião em relação à melhor tática a ser utilizada", explicou a vereadora.