Cientistas americanos criaram um ágil robô saltador que poderia se tornar uma ferramenta eficaz para as equipes de resgate que trabalham em terrenos difíceis, por exemplo entre os escombros de edifícios destruídos por um terremoto.
Este robô, inspirado no gálago, um pequeno primata que é o melhor saltador do reino animal, pesa 100 gramas e tem 26 centímetros de altura. Projetado por engenheiros da Universidade da Califórnia em Berkeley, foi apresentado na terça-feira, na primeira edição da revista ScienceRobotics.
"O que nos inspirou inicialmente foram as conversas com as equipes de resgate em um lugar de treinamento, onde havia enormes montes de escombros simulando edifícios desabados", explicou em uma conferência de imprensa telefônica Duncan Haldane, pesquisador de robótica em Berkeley e um dos criadores do pequeno robô.
"Nosso objetivo era desenvolver um robô de busca de vítimas pequeno o suficiente para não provocar deslizamentos adicionais e que pudesse se mover rapidamente através de diferentes tipos de escombros após o desabamento de edifícios", acrescentou.
"E para fazer isso, o robô devia poder saltar melhor do que os que já existiam", completou o pesquisador.
Os engenheiros buscaram referências no reino animal e descobriram que a criatura mais apta para os saltos verticais em um ritmo rápido era o gálago, capaz de dar cinco pulos em quatro segundos, até uma altura combinada de 8,5 metros.
Para comparar a agilidade dos robôs e dos animais em saltos verticais, os pesquisadores desenvolveram um novo critério de avaliação, baseado na altura de um salto simples multiplicado pelo ritmo com o qual um animal ou um robô podem saltar.
Para este robô, chamado Salto (Saltatorial Locomotion on Terrain Obstacles), esta capacidade é de 1,75 metros por segundo, o que é superior ao rendimento da rã touro (1,71 m/seg), mas abaixo do desempenho do gálago (2,24 m/seg).
O segredo do gálago reside na sua capacidade particular de armazenar energia em seus tendões, o que lhe permite saltar alturas que não poderia atingir só com sua força muscular.
Para obter resultados semelhantes, os engenheiros robóticos desenharam as duas extremidades inferiores do Salto com um mecanismo que permite que seu motor elétrico armazene energia em uma mola, que é multiplicada pelos saltos sucessivos.
Assim, estas molas podem liberar quase três vezes a energia que o motor poderia produzir por si só para o primeiro salto.
"Combinar sistemas robóticos inspirados em mecanismos biológicos com tecnologia avançada permite reproduzir cada vez mais as destrezas animais", afirma Ronald Fearing, professor de engenharia elétrica e informática em Berkeley, que dirigiu a pesquisa.
Outros robôs podem pular mais alto que o Salto de uma só vez, explicam os cientistas. Eles citam o exemplo do TAUB, desenvolvido por pesquisadores israelenses que se inspiraram no grilo, cujo salto pode atingir 3,2 metros de altura.