Bolsonaro é só o sujeito que sapateia nos intervalos com uma caneta Bic na ponta do nariz

Uma terceira crise pode estar sendo contratada. Um processo de impeachment. Aí sim, Bolsonaro será o ator principal
Igor Maciel
Publicado em 02/04/2020 às 16:56
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Foto: SERGIO LIMA/AFP


Durou pouco. Jair Bolsonaro passou a quinta-feira (02) desdizendo tudo o que disseram sobre ele após os oito minutos de pronunciamento da última terça-feira (31).

Amanheceu defendendo o discurso de uma mulher que pedia o Exército nas ruas para abrir o comércio na força, parou para fazer transmissão de conversa com apoiadores em que diz que os governadores estão disputando pra ver quem é mais “papaizão” do povo, voltou a citar histeria e nega que tenha mudado o tom em relação à crise.

Bolsonaro chama governadores de radicais e volta a defender a reabertura do comércio

Ainda deve achar que é uma gripezinha.

Esta quinta-feira é a mesma em que o coronavírus alcançou marcas tristes para o mundo. Já temos mais de um milhão de casos registrados e mais de 50 mil mortes.

Não durou muito, porque, ao que parece, Bolsonaro é incapaz de encarar o bom senso por mais do que 48h sem espancá-lo.

Hoje, em nova entrevista das que ele só dá para a imprensa que, como o próprio presidente disse, concorda com ele, o presidente fala para o jornalista Augusto Nunes na Jovem Pan, novamente para criticar os governadores e os que defendem isolamento social.

É o mesmo Bolsonaro cujo governo ainda não conseguiu, até hoje, pagar o dinheiro para os informais, como vários outros países já fizeram.

A verdade é que temos duas crises em vigor, no Brasil.

A crise do coronavírus é combatida pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A crise econômica está sendo combatida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Bolsonaro, apesar de ser o chefe deles, não entende nada do que está acontecendo, pensa só na própria sobrevivência.

Bolsonaro é só o sujeito que sapateia nos intervalos das apresentações equilibrando uma caneta Bic na ponta do nariz.

Uma terceira crise pode estar sendo contratada. Um processo de impeachment, quando o Brasil ainda estiver juntando os cacos do tal "resfriadinho".

Aí sim, Bolsonaro será o ator principal.

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