Já que não critica, Sérgio Moro deveria defender o chefe, mas prefere o silêncio constrangido

O estranho é ver o homem que nos últimos anos foi apontado como herói, prendeu políticos corruptos e tornou-se símbolo de moralidade, sapateando entre o silêncio covarde e o constrangimento calado, fingindo que não tem nada a ver com aquilo
Igor Maciel
Publicado em 21/04/2020 às 9:13
Moro e Bolsonaro trocaram farpas durante toda a sexta-feira Foto: José Cruz/Agência Brasil


Alguém sabe de Sérgio Moro? O ministro da Justiça faz aparições esporádicas, como quando um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi preso no Exterior, semana passada (13 de abril), mas parece estar alheio em situações nas quais precisa se posicionar.

A cobrança aqui não é para que ele condene o ato de Bolsonaro que foi participar de ato pedindo intervenção militar ou “novo AI-5”. Pelo contrário, Sérgio Moro deveria defender o chefe. Afinal, o que o impede de encontrar justificativas e defender o chefe do governo do qual ele faz parte? Ao menos seria honesto.

O estranho é ver o homem que nos últimos anos foi apontado como herói, prendeu políticos corruptos e tornou-se símbolo de moralidade, sapateando entre o silêncio covarde e o constrangimento calado, fingindo que não tem nada a ver com aquilo.

Há quem diga que ele procura não se comprometer, para garantir sua indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e se livrar disso para sempre.

O problema é que os ataques de Bolsonaro às instituições podem ocasionar dois entraves para Moro. O primeiro é que, atacando o Congresso do jeito que Bolsonaro ataca, sem que ninguém, nem mesmo Moro, faça qualquer defesa do regime democrático, corre o risco de o ministro da Justiça, mesmo se indicado, ficar pelo caminho sendo rejeitado em sabatina no Senado.

Depois, se acontecer do jeito que alguns querem, nem STF vai existir para Moro assumir.

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