O diálogo, em si, pressupõe interação entre duas pessoas, no mínimo. O plano de reabertura da economia em Pernambuco ressignificou a expressão. Diálogo, segundo os que apresentaram o cronograma, limitou-se aos membros do comitê de crise servindo de depósito de ideias e, no fim, ignorando quase tudo.
O presidente da Associação Pernambucana de Shopping Center, Paulo Carneiro, em entrevista à Rádio Jornal, afirmou que não houve exatamente um diálogo com o setor. “Falamos com secretários, demos ideias, apresentamos todas as medidas, que poderiam ser implantadas amanhã, se fosse necessário, mas ficamos sem resposta e o resultado não levou em conta o que apresentamos”, disse. Ele afirmou que o setor espera que esse diálogo, “de ouvir, mas também de falar”, ainda aconteça.
Antes, já havia críticas do setor da construção civil. A falta de diálogo foi reclamação das construtoras, que estarão liberadas já na próxima semana. O problema é que as exigências, nesse caso, não levaram em conta as peculiaridades do negócio. A exigência de funcionar com 50% dos funcionários, por exemplo, ignorou que as contratações são feitas por obra. “Teremos que contratar 100 e mandar 50 pra casa, pra atender à regra?”, questionou um membro do setor.
O Governo do Estado começou a atuar nessa pandemia com a firmeza de liderança que se espera e, não por acaso, a avaliação do governador cresceu, ancorada na avaliação positiva da atuação dos gestores pelo Brasil em guerra contra o presidente Jair Bolsonaro. Mas, desde que se implantou o lockdown e não se conseguiu torná-lo efetivo, essa liderança começou a parecer frágil e a aprovação pode se desfazer.
Essa ideia dos empresários de se fazer um "plano alternativo" de reabertura e apresentar como proposta pode ser a solução, mas evidencia a falta de cuidado da gestão que poderia ter se poupado de ter que fazer essa negociação em público, caso tivesse reunido todos e discutido antes.
Firmeza e diálogo são elementos interdependentes. Para a liderança, os dois precisam trabalhar juntos ou não funcionam.