Bolsonaro acabou, mas adversários podem estar confundindo isso com "estar acabado". É diferente

Acabou o Bolsonaro de 2018, quem sabe o que virá até 2022. Lula também "acabou" em 2005 com o Mensalão... e foi reeleito
Igor Maciel
Publicado em 21/12/2020 às 11:56
Entre risos, Bolsonaro declarou: "Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X." Foto: EVARISTO SA / AFP


Bolsonaro acabou. Mas não como gostariam os seus adversários diretos. Ele não está acabado. Apenas o Bolsonaro eleito em 2018 virou fumaça.

O atual presidente foi eleito sob o argumento do combate à corrupção, da luta contra a esquerda, das privatizações e de uma política econômica liberal. Morreu. Todos esses tópicos são, agora, o amontoado que forma uma ilha de fantasia.

Alguns ainda acreditam nela. Há também quem acredite em terra plana.

Os adversários, muitos ex-aliados, como o ex-ministro Mandetta (DEM), dá entrevistas afirmando o fim de Bolsonaro. É muito cedo para dizer isso.

Em 2005, quando já era mais tarde que agora, o então presidente Lula (PT) e sua cúpula se encontraram envolvidos no escândalo do Mensalão. Lula acabou ali.

Mas não o Lula presidente com chances de reeleição. Acabou o Lula defensor da ética, o que ficou famoso ao denunciar que "há uma maioria de 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses", referindo-se ao Congresso Nacional. Acabou o Lula que defendia a ética naquele momento. 

Nascia o Lula pragmático, que dizia não saber do que os colegas faziam, que achava um absurdo, mas que precisava continuar para poder tirar o povo da pobreza. E veio o Bolsa Família. A economia mundial empurrou o País. Acabou dando tudo certo pra Lula.

Bolsonaro ainda pode se reinventar, virar o Bolsonaro do auxílio, do Bolsa Família maior, da retomada econômica, do emprego. O leque é imenso, porque o Bolsonaro que acabou deixou o país numa situação bem complicada. Então, há muito para onde crescer.

O que dá medo, quando adversários se apressam em declarar que o presidente morreu faltando dois anos para a eleição, é que eles estejam torcendo para que o Brasil dê errado por dois anos, fazendo o país sangrar junto com o chefe do Executivo.

E se, no fim, ele acabar vencendo, todo mundo terá, mais uma vez, sofrido em nome de desejos políticos e não do desenvolvimento coletivo.

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