Bolsonaro acabou. Mas não como gostariam os seus adversários diretos. Ele não está acabado. Apenas o Bolsonaro eleito em 2018 virou fumaça.
O atual presidente foi eleito sob o argumento do combate à corrupção, da luta contra a esquerda, das privatizações e de uma política econômica liberal. Morreu. Todos esses tópicos são, agora, o amontoado que forma uma ilha de fantasia.
Alguns ainda acreditam nela. Há também quem acredite em terra plana.
Os adversários, muitos ex-aliados, como o ex-ministro Mandetta (DEM), dá entrevistas afirmando o fim de Bolsonaro. É muito cedo para dizer isso.
Em 2005, quando já era mais tarde que agora, o então presidente Lula (PT) e sua cúpula se encontraram envolvidos no escândalo do Mensalão. Lula acabou ali.
Mas não o Lula presidente com chances de reeleição. Acabou o Lula defensor da ética, o que ficou famoso ao denunciar que "há uma maioria de 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses", referindo-se ao Congresso Nacional. Acabou o Lula que defendia a ética naquele momento.
Nascia o Lula pragmático, que dizia não saber do que os colegas faziam, que achava um absurdo, mas que precisava continuar para poder tirar o povo da pobreza. E veio o Bolsa Família. A economia mundial empurrou o País. Acabou dando tudo certo pra Lula.
Bolsonaro ainda pode se reinventar, virar o Bolsonaro do auxílio, do Bolsa Família maior, da retomada econômica, do emprego. O leque é imenso, porque o Bolsonaro que acabou deixou o país numa situação bem complicada. Então, há muito para onde crescer.
O que dá medo, quando adversários se apressam em declarar que o presidente morreu faltando dois anos para a eleição, é que eles estejam torcendo para que o Brasil dê errado por dois anos, fazendo o país sangrar junto com o chefe do Executivo.
E se, no fim, ele acabar vencendo, todo mundo terá, mais uma vez, sofrido em nome de desejos políticos e não do desenvolvimento coletivo.