Pessoas ficaram sem ônibus nesta terça (22) por causa de uma votação dos vereadores há um mês e meio

Os rodoviários foram "enganados" pelos vereadores, pela prefeitura do Recife, pelo governo do Estado e até pelo silêncio temporário dos donos das empresas de ônibus
Igor Maciel
Publicado em 22/12/2020 às 12:41
Parados Foto: DAY SANTOS/JC IMAGEM


O que o trabalhador no Recife viveu hoje, sem ônibus suficiente nas ruas, esperando muito para tentar chegar ao trabalho, é o resultado direto de uma mentira eleitoral. 

A verdade é que os motoristas e cobradores de ônibus foram enganados e o resto da população está pagando por isso.

Os rodoviários foram enganados pelos vereadores, pela prefeitura do Recife, pelo governo do Estado e até pelo silêncio temporário dos donos das empresas de ônibus. 

Todos, absolutamente todos, sabiam que o projeto na Câmara, votado sob pressão de uma campanha, era inconstitucional. E há provas disso.

Na discussão do projeto, ao menos dois vereadores apontaram a inconstitucionalidade. O mais ativo em explicar que a lei não se sustentaria depois aos colegas teria sido André Regis (PSDB), que não estava tentando a reeleição. Foi ignorado.

Maior parte dos colegas, na ânsia de ganhar apoio e ficar bem na fita com os rodoviários, adotou a postura do fingimento e votou pra ver o que acontecia.

Colocaram numa situação difícil, em plena eleição, o prefeito Geraldo Julio (PSB) e o obrigaram a sancionar, ou a candidatura de João Campos (PSB) poderia ter sido prejudicada.

Algo parecido aconteceu com o governo do Estado.

Como a lei não obedece à chantagem eleitoral. Os donos das empresas de ônibus esperaram tranquilos e deixaram os políticos absorverem o problema depois.

Todos os que tiveram dificuldade para chegar ao trabalho ou voltar pra casa nesta terça-feira (22) são vítimas da demagogia eleitoral.

É lamentável que esses processos sejam mal conduzidos ao ponto de fazer com que a população, sempre a maior prejudicada, tome ojeriza pela política.

É isso que impede bons nomes de seguirem na vida pública.

Na Câmara do Recife, há exemplos de quem não se reelegeu, ou nem tentou, porque descobriu que ética e boa conduta são sempre suplantados pelo viés demagógico da busca barata pelo voto destituído de razão.

Há quem pense que uma simples votação não interfere diretamente na vida do povo. Pois, a greve desta terça, como um mínimo exemplo, mostra que interfere sim.

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