Deputado Daniel Silveira precisa servir como exemplo, ou a democracia fica ameaçada de verdade

A prisão de Daniel Silveira (PSL-RJ) foi a bomba do noticiário desde a noite de terça-feira (16). O parlamentar xingou e ameaçou todos os ministros do STF, em um vídeo publicado numa rede social. Foi preso em flagrante.

O deputado, agora, reclama que tem imunidade para falar o que quiser. Não funciona assim.

Liberdade exige responsabilidade. Ele pode dizer o que quiser, desde que suas palavras configurem apenas opinião. Se essa opinião extrapola seus limites e põe em risco a integridade física de um indivíduo ou ameaça algo ainda maior, que é a democracia, configura crime.

Se não for assim, melhor seria fechar nossas instituições e viver uma anarquia.

A estratégia vem de Bolsonaro. Quando parlamentar, o atual presidente mantinha sua rede de apoio eleitoral dando uma ou outra declaração absurda, amparando-se na própria imunidade, para animar a militância radical e seguir com o mandato.

Certa vez, disse que o presidente Fernando Henrique (PSDB) deveria ser fuzilado.

Antes de ele ser presidente, a receita sórdida não chamava tanto a atenção, agora ameaça o equilíbrio da República.

Seus seguidores parlamentares, tentando o mesmo sucesso, repetem a receita.

Mas a época é outra. O fato é que as instituições brasileiras precisam dar uma resposta firme, como exemplo ao deputado que gosta de chamar a atenção cometendo crimes e fazendo ameaças.

Hoje ele empurrou, amanhã vai dar um tapa e por fim, todos acabam colocando sob risco de morte a própria democracia.

O PSL, seu partido, já anunciou que vai expulsá-lo, o PSDB e o MDB já se manifestaram criticando o deputado e outros partidos precisam fazer o mesmo. É a sobrevivência deles que está em jogo também.

Quando alguém usa a prerrogativa da imunidade para cometer crimes, coloca em dúvida, perante a sociedade, a existência da própria prerrogativa. E coloca em risco a liberdade dos parlamentares para usar essa proteção de forma correta.