O Brasil é um país interessante, no qual Ciro Gomes (PDT) parece ser a pessoa mais sensata e Guido Mantega é cotado como um bom ministro da Fazenda.
Um artigo assinado pelo ex-chefão da Economia de Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT), apresentando as linhas gerais do que seria o pensamento econômico do petista, publicado nesta quarta-feira (5), provocou repercussão nacional.
Negativa, na maioria dos casos.
Ciro Gomes, o primeiro personagem da frase tragicômica no início deste texto, foi às redes sociais chamar o artigo de "nacional desenvolvimentismo de araque". Ciro diz, com absoluta (e rara) razão, que Mantega escondeu Dilma.
No texto, o ex-ministro Mantega exalta o período de 2003 a 2014, mas "esquece" o fim de 2014, quando aconteceram as pedaladas fiscais e quando ele próprio ajudou a provocar uma recessão com o objetivo de reeleger Dilma.
Não citou também todo o ano de 2015, quando Joaquim Levy o substituiu e não conseguiu reverter a situação.
As contas só se equilibraram com Temer (MDB) e Henrique Meirelles, após o impeachment. E o mercado sabe disso.
Tanto que a Bolsa abriu em queda livre na manhã, com a perspectiva de que o genovês, como é conhecido (Mantega nasceu na Itália), seja ministro de um eventual governo petista em 2023.
A estabilidade do mercado só veio depois que petistas correram para apagar o incêndio, explicando que ele estaria descartado.
A informação é de que Lula teria cogitado colocar um grupo de economistas para escrever o artigo, mas temia antecipar debates econômicos e acabar queimando cartuchos que poderia utilizar apenas na campanha.
O argumento dos petistas que conversaram com agentes do mercado é que o fato de ter sido Mantega só prova que ele está descartado num futuro governo.
A verdade é que, em um país no qual Bolsonaro (PL) é chefe de Estado, Renan Calheiros (MDB) é base de moralidade, Lula é esperança de futuro e Ciro Gomes é o sujeito mais sensato, não é de se estranhar que Guido Mantega pudesse ser cotado para ocupar o ministério da Economia.
Como se sabe muito bem em Pernambuco, até boi "pode voar".