Duas coisas chamaram bastante atenção na entrevista da senadora Simone Tebet (MDB) à Rádio Jornal, nesta quarta-feira (9), a primeira é que ela rebatizou a "terceira via".
Tebet, com muita habilidade, usa outra expressão: "centro democrático".
O significado do termo é de duplo entendimento, a depender da idade do ouvinte. Pode significar a lógica de que é uma opção nem à direita e nem à esquerda, central e democrática.
Mas, também faz referência ao MDB histórico, do qual faziam parte praticamente todos os que, até o fim dos anos 80, não apoiavam a ditadura.
É um termo para todas as idades, mais abrangente. Terceira via, aliás, remete à terceira colocação, que hoje é a posição nas pesquisas também.
O discurso abrangente, fazendo referência à história do partido, vai além. Tebet cita Fernando Lyra e Jarbas Vasconcelos (MDB), de Pernambuco. Não esquece de Pedro Simon, do Rio Grande do Sul.
E, daí, vem o segundo fato que mais chamou a atenção na entrevista. É que, ao fim de 25 minutos, quando o comunicador Geraldo Freire anunciava que estava encerrando, sem que ninguém houvesse perguntado, Tebet tomou a palavra para falar de Raquel Lyra (PSDB).
"Quero me convidar, se ela puder me receber, para ir em Caruaru e conhecer Raquel Lyra", afirmou, para em seguida encher a prefeita e pré-candidata ao governo de elogios.
Uma observação importante: Jarbas e Raquel, em Pernambuco, estarão em palanques opostos.
Acontece que o senador Jarbas Vasconcelos e o deputado Raul Henry, este presidindo o MDB no estado, já definiram que vão apoiar Tebet na eleição nacional, apesar de estarem com o PSB (e o PSB com Lula) por aqui.
Em conversa recente, Henry lembrou 2018, quando o grupo também estava com o PSB, mas apoiou Alckmin (PSDB) para presidente no primeiro turno.
O deputado já se colocou várias vezes contra a polarização.
A coluna já antecipou que conversas entre o MDB e o PSDB estão acontecendo em nível nacional. Há também a possibilidade de o MDB compor uma federação com o gigantesco União Brasil, integrando um grupo muito forte dentro do Congresso nos próximos anos.
Tebet garantiu na entrevista que não tem plano B e não vai ser vice. Quer o PSDB no projeto e os tucanos querem se livrar de Doria. Por isso, acenou para Raquel aqui. Foi um passo importante.
O problema, por enquanto, é sair do 1% em que está nas pesquisas. Problema maior será convencer a colcha de retalhos chamada MDB a se unir em torno da candidatura.
Seu colega de Senado e de MDB, Renan Calheiros, por exemplo, da vizinha Alagoas, é Lula "desde criancinha".