A possibilidade de Marília Arraes (PT) se filiar ao PSOL para ser candidata ao Senado (sim, ela pode sair do PT), tende a virar o xadrez pernambucano de cabeça pra baixo.
Primeiro porque ela teria muitos votos e parte como favorita por causa do sobrenome. Das pesquisas que foram feitas em Pernambuco com o nome da deputada, neta de Arraes, todas trazem ela na liderança.
Marília, hoje, sofre com o fogo amigo, disputa espaço interno no PT estadual e, depois que perdeu a disputa de 2020 no Recife, viu-se enfraquecida internamente. Apesar disso, mantém os melhores índices de intenção de voto para o Palácio do Campo das Princesas.
A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), lidera todas as pesquisas atuais, mas apenas aquelas que não incluem Marília. Isso é significativo. Ter voto não adianta de nada se não tiver um partido e se não tiver estrutura. Raquel tem isso e Marília não.
E se as duas unissem forças? Qual o tamanho desse problema para a Frente Popular?
É aí que vem a segunda parte dessa virada no tabuleiro.
Fala-se na possibilidade de Marília, mesmo no PSOL, ficar no palanque de Raquel Lyra (PSDB) para disputar uma cadeira no Senado.
É estranho. Mas o PSB e o PT, juntos após os ataques de 2020, demonstram que essa suposta coerência é supervalorizada.
A equação pode ser difícil, mas o resultado prático é extenso.
Além de fortalecer muito a chapa da tucana, que já é líder nas pesquisas, Marília dá um "ar de esquerda" à Raquel que pode fazer diferença na guerra retórica da campanha.
O discurso de "turma de Bolsonaro", que o PSB pretende usar contra os adversários, teria dificuldade para colar em Raquel se ela tiver o PSOL na chapa, com uma candidata ao Senado (Marília) que Lula nunca deixou de abraçar, sempre que possível.