É difícil a vida de quem envelhece sem amadurecer. Há uma desconexão com a realidade e a manutenção de sentimentos que não fazem nenhum sentido.
O Partido dos Trabalhadores, é um quarentão que se esforça para seguir na adolescência, especificamente na fase de desafiar os pais, quebrando padrões considerados conservadores para emular uma vida adulta e independente.
Ver senhores e senhoras, com filhos e netos, falando em "expansão do imperialismo americano", reforça essa imagem. Os senadores do PT escreveram uma nota em que culpam os EUA por expandirem a OTAN e pressionarem a Rússia, como se a culpa de Putin invadir a Ucrânia e arrasar uma nação formalmente estabelecida fosse da "opressão norte-americana".
O texto, algo entre o infantil e o ridículo, foi logo apagado das redes sociais petistas, mas denota a forma como, no partido, os senadores, considerados os mais experientes entre os grupos de políticos brasileiros, ainda estão sintonizados em uma época na qual o muro de Berlim estava de pé e, mesmo que apenas nas aparências, os conflitos do mundo estavam baseados em ideologia.
Para não ficar apenas na nota dos senadores e mostrar como a adolescência petista nunca passou, a ex-candidata ao governo do RJ pelo PT, Márcia Tiburi, escreveu em suas redes sociais o seguinte: "Guerras servem, sobretudo, para dar lucro à indústria e ao mercado armamentista. Isso vale para toda a política-economia patriarcapitalista [sic]".
Essa relação entre guerras e mercado de armas é o tipo de argumento que todo estudante de ensino médio já ouviu, algo profundo como um pires. O PT perdeu a bússola nos anos 1980.
Nem cabe aqui explicar todos os interesses envolvidos, como o fato de a Ucrânia ser um dos maiores produtores de trigo do mundo, para além da posição estratégica geográfica e militar. Fora o componente político, já que o país, comenta-se, abrigaria opositores do governo russo.
Independente dos motivos, é bom lembrar aos petistas uma frase de Lula e dizer que "é preciso respeitar a autodeterminação dos povos".
É a frase que ele costuma usar para defender ditaduras de esquerda.
O povo da Ucrânia, se quisesse se aliar aos EUA, seria livre?
Ou a frase só vale para regimes de esquerda?