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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Rússia x Ucrânia: o Brasil sem estratégia fica, mais uma vez, pendurado no pincel

Primeiro foi a dependência da China em relação aos insumos e equipamentos na área de saúde. Agora é a dependência da compra de fertilizantes em relação à Rússia.

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Igor Maciel

Publicado em 28/02/2022 às 13:21
O presidente da República Jair Bolsonaro visitou o presidente da Rússia Vladimir Putin em fevereiro - MIKHAIL KLIMENTYEV/SPUTNIK/AFP

Quem bebe água de uma fonte apenas, está mais perto de morrer de sede. A frase tem várias adaptações, mas resume o Brasil e seus fornecedores pelo mundo.

Temos a cultura de buscar o melhor preço e podemos, muitas vezes, esquecer que o barato pode sair caro quando o preço baixo obriga à dependência em setores estratégicos.

Duas grandes crises mundiais nos últimos anos e por duas vezes o Brasil ficou de pires na mão. Em 2020, com a pandemia, a demanda por respiradores pressionou o serviço público de saúde. Corremos para nossos fornecedores e descobrimos que quase todos eram chineses.

Quase não havia produção nacional. Pessoas morreram sufocando nos hospitais por falta de equipamento. A China tinha suas próprias necessidades primeiro e depois tinha compromisso com países que pagassem mais caro.

O Brasil não era prioridade.

Agora, explode uma guerra entre Rússia e Ucrânia. Se você notou o presidente Jair Bolsonaro (PL) meio perdido, catando palavras pra não condenar a Rússia e indo na contramão dos outros países do ocidente, percebeu bem.

Talvez seja porque ele está realmente preocupado em não brigar com Putin. O motivo? O Brasil importa 85% de todo o fertilizante utilizado na agricultura.

E quase tudo vem da Rússia.

Se, com as sanções do ocidente, o Brasil for impedido de comprar fertilizantes, poderemos ver a oferta agrícola despencar e os preços subirem.

Ficamos, outra vez, pendurados no pincel.

A culpa não é só de Bolsonaro

É preciso pontuar que a culpa disso não é de Bolsonaro. Ele poderia ter ordenado uma mudança na estratégia, e não o fez. Porém, esse tipo de política comercial é construída ao longo de muitos anos. O Brasil precisa ter uma estratégia que evite dependência de um só fornecedor, mesmo que o preço não seja tão atrativo. Caro de verdade é precisar e não ter.

É preciso ter alternativa nacional

Além de uma mudança na política comercial, o Brasil precisa ter alternativas nacionais, mesmo em caráter extraordinário. Nos EUA, a indústria local é obrigada por lei a modificar sua estrutura e produzir o que for do interesse do país em tempos de guerra, por exemplo, caso o presidente determine. Montadoras de veículos produzindo respiradores na pandemia? Lá pode acontecer.

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