Bolsonaro (PL) tem medo de vice. Por isso, só escolheu alguém que pudesse causar mais insegurança política do que ele próprio.
É uma forma de se proteger e não sofrer impeachment.
Se tem algo que ele aprendeu com os erros de Dilma Rousseff (PT) foi que ter um vice político, com boa circulação no Congresso, coloca a cabeça do titular a prêmio.
Dilma só caiu porque o vice era Temer. Temer não caiu porque Rodrigo Maia, então presidente da Câmara, teria que convocar eleições indiretas e isso iria dividir o Congresso. Bolsonaro só não caiu por impeachment porque o vice era o general Mourão. Alguém que os deputados não confiavam e que podia ser uma emenda pior que o soneto.
Agora, quando o centrão pressiona para que o presidente aceite o nome da deputada Tereza Cristina (PP) como sua vice na reeleição, com a desculpa de que ela “vai atrair o voto feminino e do Agro”, deve passar um filme na cabeça de Bolsonaro. Ele deve pensar: “se Tereza, integrante do centrão, filiada ao PP, fosse minha vice em 2020, o PP teria me apoiado para eu não ser deposto?”.
A resposta é “não”.
Se tivesse um vice que passasse segurança ao centrão, Bolsonaro não seria mais presidente há dois anos.
Agora, ele pode calcular o seguinte: com a quantidade de medidas eleitoreiras que está implementando e com o prejuízo para essas medidas chegando em 2023, caso seja reeleito e sua popularidade venha a cair, como aconteceu com Dilma pelos mesmos motivos entre 2014 e 2015, qual a chance de o centrão fazer de Tereza Cristina nossa presidente num processo de impeachment bem rápido?
É grande. Muito grande.