Quando três prefeitos desistiram de seus cargos este ano para se lançarem ao governo de Pernambuco, um comentário que se fazia muito era que, no mínimo, dois deles passariam quatro anos sem mandato.
Talvez os três ex-prefeitos fiquem assim.
E isso é considerado mortal.
Eles não seriam candidatos às antigas prefeituras novamente, nem disputariam mandato de vereador. Para alguém que vive de política e depende de bases eleitorais, passar quatro anos apartado de um mandato é uma quase morte.
Mendonça Filho (UB) está perto de completar quatro anos sem mandato, desde que assinou seu nome como deputado federal pela última vez. Então, o que surpreende na pesquisa mais recente que trouxe o ex-ministro da Educação como postulante ao Senado é ele estar na liderança.
Não é fácil ficar quatro anos sem mandato e partir na frente numa disputa tão complicada como a do Senado. Há quem a considere mais difícil para ser montada que a de governo.
A receita, talvez, seja ter serviços prestados e tentar não desaparecer da atividade pública. Mendonça encontrou um mote na educação depois de ter sido ministro. Trabalhou junto a organizações de interesse público nessa área. E estudou bastante o tema. Criou uma "marca" em seu nome voltada para educação, escolas, capacitação.
O espaço que tinha era o partidário e ali se manteve também.
Dois ex-prefeitos, no mínimo, terão que enfrentar quatro anos sem mandato a partir de 2023. A receita já existe.
Favorito
Os bons números de Mendonça para o Senado são um recall de 2018? São um recall da última disputa pela prefeitura do Recife? Sim, também. Mas tem gente que teve mandato nos últimos quatro anos e não consegue nem garantir a própria reeleição como deputado. A propósito, na disputa pela Câmara Federal, a coluna teve acesso a uma pesquisa que põe Mendonça como um dos mais votados este ano.
Senado ou Câmara
Quanto a ser candidato ao Senado, é impensável que o ex-ministro resolva se aventurar em uma disputa tão difícil de prever como a da Casa Alta. A tendência é que ele não troque uma eleição certa para a Câmara por algo muito incerto no Senado. Mas, os números fizeram a pressão subir para que ele disputasse um cargo de senador na chapa de Miguel Coelho (UB).
Repita-se, não é algo recomendável. E dificilmente vai acontecer.