No caso dos pastores e do ex-ministro de Bolsonaro (PL) preso, Lula passou 24h sem dar um pio. Agora, com o caso de assédio sexual, nem esperou alguém perguntar, aproveitou uma entrevista numa rádio para avisar que não comentaria o caso porque "não é policial e nem promotor".
Há dois problemas para Lula (PT) quando o governo de Bolsonaro (PL), seu maior adversário, em tese, está envolvido em algum escândalo.
Tem o problema de não poder concordar com nenhuma operação policial ou investigação para não ser acusado pelo próprio passado, quando estava como alvo.
Mas, também tem a torcida para que Bolsonaro não derreta eleitoralmente. Nessa curiosa eleição, polarizada como poucas, há um fato curioso: se Bolsonaro “sumir”, Lula some também.
Sem o atual presidente como “inimigo público número 1”, boa parte da motivação para votar no petista pode desaparecer e ele também cairia. Um depende do outro para existir como força.
Imagine que a pressão dos escândalos de corrupção e assédio sexual no governo, sobre Bolsonaro, afaste os eleitores que ainda lhe mantém num patamar de 30% e ele é ultrapassado por Simone Tebet (MDB) ou Ciro Gomes (PDT).
Quantos dos que hoje votam em Lula apenas porque ele é a melhor chance contra Bolsonaro, o abandonariam para apostar em algo realmente novo?
O PT tem essas contas e sabe que não é um risco pequeno. Bolsonaro, por causa da economia que não se recupera, é um “mal maior” para o eleitor.
Caso ele deixe de ser um risco, de tão pequeno, o antipetismo pode acordar e ajudar a eleger Tebet ou Ciro.
Se tem algo que o ex-presidente petista não quer fazer é ajudar criticando seu maior adversário.
Bolsonaro virou uma boia petista. Não surpreende, mas é irônico.